28 de fevereiro de 2010

Terremoto no PSDB: Dilma encosta em Serra


Placas tectônicas se movem em SP:
Dilma encosta em Serra

Por Rodrigo Vianna

O Mundo e a América Latina, em especial, se entristecem com as notícias sobre mais um terremoto arrasador - dessa vez no Chile.

Passei o sábado numa reunião, para criar uma associação de empresários e empreendedores de comunicação de linha progressista. Dentro da sala, num hotel paulistano, vez por outra aparecia alguém com mais notícias tristes sobre o terremoto. Tecnicamente, já sabemos o que se passou: placas tectônicas se chocaram, bem perto da costa chilena, o que pode provocar também tsunamis em todo o Pacífico.

No fim da tarde, outras placas se moveram - mas dessa vez na política brasileira. Na sala onde eu estava, chegaram os números da nova pesquisa DataFolha: Dilma colou em Serra.

A "FolhaOnline", até tarde da noite, ainda escondia os detalhes da pesquisa. A idéia é forçar o povo a comprar o jornal. Ok. Gastei meus 4 reais. E tenho aqui o diário impresso.

Os números são avassaladores.

No cenário mais provável, a situação é a seguinte:

Serra 32% (37% em dezembro)
Dilma 28% (23% em dezembro)
Ciro 12% (13% em dezembro)
Marina 8% (tinha os mesmos 8% em dezembro).

A manchete do jornal destaca esse quadro: "Dilma cresce e já encosta em Serra".

Ok. Está correto.

Mas, quando digo que os números são avasaladores, refiro-me a outras variáveis. Vejamos...

1) Rejeição - Serra é agora o mais rejeitado: 25% não votariam nele de jeito nenhum, contra 19% em dezembro.

2) Voto espontâneo - Dilma está em primeiro lugar, com 10%; com os mesmos 10% aparece... Lula! Serra é apenas o terceiro, com 7%; em quarto aparece o "candidato de Lula", com 4%, em quinto está Aécio, com 1%.

Reparem que a soma de Lula/Dilma/"candidato de Lula" alcança 24%, contra 8% de Serra/Aécio.

3) Transferência de Voto - 42% dizem que votariam num candidato apoiado por Lula; 26% dizem que "talvez" votariam em quem Lula indicar; e só 22% afirmam que "não" votariam no candidato de Lula.

4) Conhecimento do candidato - Serra é conhecido por 96%, Dilma é conhecida por 86%.

Resumo da ópera: há uma avenida aberta para que Dilma siga a crescer.

À medida que ela se torne mais conhecida, a tendência é que a intenção de voto em Dilma se aproxime dos 42% - que é o total de eleitores inclinados a escolher um candidato indicado por Lula.

A "Folha" escolheu não brigar com os números. Com uma exceção: o jornal diz que "é impreciso dizer que o levantamento indica um empate estatístico". Êpa. Aí, não. Estamos, sim, diante de um "empate técnico", no limite da margem de erro.

Mas isso é detalhe. O que importa é a tendência, anotada também na simulação de segundo turno: a diferença entre Serra e Dilma desapareceu: Serra tem 45%, Dilma tem 41%. Em dezembro, a vantagem de Serra era de 15 pontos. Agora, evaporou.

Diante disso, a colunista Eliane Cantanhêde parece desesperada. Na página 2 do jornal, ela escreve o texto "Ou vai ou Racha", com destaque para a seguinte pérola: "a eleição atingiu o ponto ideal para a definição de Aécio Neves: sempre se soube, mas nunca tinha ficado tão evidente o quanto sua candidatura a vice é fundamental para a oposição".

"Ponto ideal" pra quem, cara pálida? Cantanhêde quer empurrar Aécio pro fogo. Quer que ele perca agarrado a Serra.

Vamos raciocinar friamente. Se Aécio aceitar ser vice, e Serra perder (o que parece provável, dado que a soma dos votos espontâneos nos dois fica em um terço do total de votos espontâneos para Dilma+Lula+candidato do PT), o mineiro perde junto. Se Aécio aceitar a vice, e Serra ganhar, Aécio vira sócio minoritário da vitória.

Os jornalistas serristas, depois de espalhar por aí que Aécio bate na namorada e tem hábitos pouco ortodoxos, agora querem a ajuda do mineiro para salvar Serra.

É ruim, hem!

Do jeito que a coisa vai, estaremos em breve diante do seguinte quadro: Serra segue até o fim, em queda, e aí parte para o desespero, recorrendo a dossiês e ao esgoto jornalístico contra Dilma; ou Serra desiste antes de abril, e estaremos diante da situação inimaginável de ver os tucanos implorando a FHC para concorrer, em nome da sobrevivência do partido.

Quanto a Dilma, devo lembrar como bom corinthiano, o ideal é escapulir do salto alto. A pior besteira do mundo seria acreditar no já-ganhou. Corinthianos costumam pensar assim: quando tudo parece ir bem, é sinal de que algo errado pode acontecer em breve.

Mas falando sério: Dilma precisa lembrar que a elite (incluindo boa parte da classe média urbana) segue contra ela. Especialmente no Sul e Sudeste. Os mais escolarizados apóiam Serra - isso também aparece na pesquisa.

A mídia detesta Dilma (apesar dos sinais de que Globo e Lula parecem ter conversado nas últimas semanas, em busca de uma trégua - volto a isso em outro texto...).

Jornalistas do esgoto desesperados. Demos desesperados. Tucanos desarvorados. Essa gente toda somada é capaz de muita sujeira até a eleição.

Dilma que se prepare. Com ou sem acordo com a Globo, muito chumbo virá.

24 de fevereiro de 2010

Ainda o plebiscito


De Marcos Coimbra, presidente do Vox Populi, no Correio Brasiliense


À medida que a eleição presidencial vai se aproximando, fica mais claro o projeto de Lula para vencê-la. A menos de oito meses de sua realização, é mais fácil (talvez até para o próprio presidente) entender aonde ele quer chegar.

A ideia de fazer da eleição de 2010 um plebiscito foi explicitada por Lula ainda em 2007, quando anunciou que queria que nela o eleitorado comparasse seu governo ao de Fernando Henrique. Quem achasse que seus oito anos foram melhores, que votasse na candidatura governista. Quem preferisse os de seu antecessor, na oposição.

A bipolaridade que é premissa desse projeto não foi inventada por Lula. De um lado, é assim que o sistema partidário brasileiro se estruturou nos últimos anos. De outro, o processo político concreto que vivemos sinalizou desde muito cedo que as eleições de 2010 repetiriam o padrão.

A todos sempre pareceu que o cenário mais provável seria uma nova confrontação PT-PSDB, apenas havendo dúvida se logo no primeiro turno ou no segundo.

A candidatura situacionista esteve em disputa, pois Ciro Gomes reunia intenções de voto suficientes para permanecer como alternativa aos nomes do PT, nenhum com boa largada nas pesquisas. Mas as perspectivas de crescimento de quem quer que fosse o candidato do PT eram maiores.

Tampouco surgiu opção ao PSDB no campo oposicionista. Dos partidos que remanesceram com ele, o DEM seria o único que poderia pensar em um nome, mas nunca se movimentou nessa direção e hoje nem poderia mais pensar no assunto.

Seria, portanto, tucana a candidatura, e apenas uma. Quanto a quem, tudo apontava para Serra, mesmo enquanto Aécio permaneceu na disputa.

Para Lula, o fato de as oposições só terem um nome sugeria uma decisão em primeiro turno, que se tornou mais possível quando Marina, depois de provocar algum alvoroço no lançamento de sua candidatura, estacionou nas pesquisas.

Não seria muito diferente com qualquer nome tucano, mas Serra facilitava o confronto plebiscitário. Se Aécio fosse candidato, seria mais complicado propor a comparação com FHC, pois o governador de São Paulo integrou o governo passado e foi adversário do próprio Lula em 2002.

Mas qual seria o conteúdo do plebiscito? Ninguém melhor que Lula sabia que não seria apenas uma briga de números, a respeito de indicadores de desempenho governamental. Nem no Brasil, nem em qualquer lugar do mundo se vencem eleições assim.

Outra coisa que o plebiscito não poderia ser seria uma escolha entre Lula e FHC, para que os eleitores dissessem de quem gostam mais.

A resposta a essa pergunta já é conhecida e o vencedor é o atual presidente. Não bastassem as comparações da aprovação de ambos, várias pesquisas pediram às pessoas que fizessem a comparação direta: Lula sempre ficou na frente, com larga vantagem.

O relevante, contudo, é que essa escolha não conduz ao voto em Dilma, pois é perfeitamente possível que alguém prefira Lula e ache que Serra é melhor candidato. Não é esse plebiscito, portanto, que o presidente busca.

Goste-se ou não de Lula, é preciso reconhecer que o que ele está propondo é um novo modelo de eleição, que só é possível agora.

Hoje, depois de oito anos de PT no governo, pode-se fazer a comparação entre ele e o PSDB, não em torno de nomes ou pessoas, mas do que cada “lado” representa.

De fazer um balanço das coisas em que cada um acertou e errou quando teve a oportunidade de liderar uma coalizão para governar e pôr em prática suas propostas e sua visão para o Brasil.

Usando as palavras que ele usaria, o plebiscito que Lula quer não é entre ele e FHC, mas entre o que “nós” (o PT) somos e fazemos e o que “eles” (o PSDB) são e fazem.

Se acontecer como ele pensa, seria a primeira eleição genuinamente partidária de nossa história política, em vez das disputas personalistas que sempre tivemos.

Não importa quem vença. O importante é que teremos, de um lado, um bom e legítimo candidato do PSDB (paulista, ex-intelectual, integrante do governo FHC) e, de outro, uma boa e legítima candidata do PT (técnica do setor público, ex-militante de esquerda, integrante do governo Lula).

Sem a combinação de ilusão e medo (como a que deu a vitória a Collor), sem mágicas (como a do Real, que elegeu Fernando Henrique), sem carismas (como o de Lula).

Não era isso que queríamos, uma política onde os partidos são mais importantes que as pessoas?

21 de fevereiro de 2010

Serra e o fim da era paulista na política


Por Luis Nassif

Por que José Serra vacila tanto em anunciar-se candidato?

Para quem acompanha a política paulista com olhos de observador e tem contatos com aliados atuais e ex-aliados de Serra, a razão é simples.

Seu cálculo político era o seguinte: se perde as eleições para presidente, acaba sua carreira política; se se lança candidato a governador, mas o PSDB consegue emplacar o candidato a presidente, perde o partido para o aliado. Em qualquer hipótese, iria para o aposentadoria ou para segundo plano. Para ele só interessava uma das seguintes alternativas: ele presidente ou; ele governador e alguém do PT presidente. Ou o PSDB dava certo com ele; ou que explodisse, sem ele.

Esta foi a lógica que (des)orientou sua (in)decisão e que levou o partido a esse abraço de afogado. A ideia era enrolar até a convenção, lá analisar o que lhe fosse melhor.

De lá para cá, muita água rolou. Agora, as alternativas são as seguintes:

1. O xeque que recebeu de Aécio Neves (anunciando a saída da disputa para candidato a presidente) demoliu a estratégia inicial de Serra. Agora, se desiste da presidência e sai candidato a governador, leva a pecha de medroso e de sujeito que sacrificou o partido em nome de seus interesses pessoais.

2. Se sai candidato a presidente, no dia seguinte o serrismo acaba.

O balanço que virá

O clima eleitoral de hoje, mais o poder remanescente de Serra, dificulta a avaliação isenta do seu governo. Esse quadro – que vou traçar agora – será de consenso no ano que vem, quando começar o balanço isento do seu governo, sem as paixões eleitorais e sem a obrigatoriedade da velha mídia de criar o seu campeão a fórceps. Aí se verá com mais clareza a falta de gestão, a ausência total do governador do dia-a-dia da administração (a não ser para inaugurações), a perda de controle sobre os esquemas de caixinha política.

Hoje em dia, a liderança de Serra sobre seu governo é próxima a zero. Ele mantém o partido unido e a administração calada pelo medo, não pelas ideias ou pela liderança.

Há mágoas profundas do covismo, mágoas dos aliados do DEM – pela maneira como deserdou Kassab -, afastamento daqueles que poderiam ser chamados de serristas históricos – um grupo de técnicos de alto nível que, quando sobreveio a inércia do período FHC-Malan, julgou que Serra poderia ser o receptador de ideias modernizantes.

Outro dia almocei com um grande empresário, aliado de primeira hora de Serra. Cauteloso, leal, não avançou em críticas contra Serra. Ouviu as minhas e ponderou uma explicação que vale para todos, políticos, homens de negócio e pensadores: “As ideias têm que levar em conta a mudança das circunstâncias e do país”. Serra foi moderno quando parlamentar porque, em um período de desastre fiscal focou seu trabalho na responsabilidade fiscal.

No governo paulista, não conseguiu levantar uma bandeira modernizadora sequer. Pior: não percebeu que os novos tempos exigiam um compromisso férreo com o bem estar do cidadão e a inclusão social. Continuou preso ao modelito do administrador frio, ao mesmo tempo em que comprometia o aparato regulatório do Estado com concessões descabidas a concessionárias.

O castigo veio a cavalo. A decisão de desviar todos os recursos para o Rodoanel provocou o segundo maior desastre coletivo da moderna história do país, produzido por erros de gestão: o alagamento de São Paulo devido à interrupção das obras de desassoreamento do rio Tietê. O primeiro foi o “apagão” do governo FHC.

O fim das ideias

O Serra que emergiu governador decepcionou aliados históricos. Mostrou-se ausente da administração estadual, sem escrúpulos quando tornou-se o principal alimentador do macartismo virulento da velha mídia – usando a Veja e a Folha – e dos barra-pesadas do Congresso. Quando abriu mão dos quadros técnicos, perdeu o pé das ideias. Havia meia dúzia de intelectuais que o abastecia com ideias modernizantes. Sem eles, sua única manifestação “intelectual” foi o artigo para a Folha criticando a posição do Brasil em relação ao Irã – repetindo argumentos do seu blogueiro [Reinaldo Azevedo, n.d.b.] -, um horror para quem o imaginava um intelectual refinado.

É bobagem taxar o PSDB histórico de golpista. Na origem, o partido conseguiu aglutinar quadros técnicos de alto nível, de pensamento de centro-esquerda e legalistas por excelência. E uma classe média que também combateu a ditadura, mas avessa a radicalizações ideológicas.

Ao encampar o estilo Maluf – virulência ideológica (através de seus comandados na mídia), insensibilidade social, (falsa) imagem de administrador frio e insensível, ênfase apenas nas obras de grande visibilidade, desinteresse em relação a temas centrais, como educação e segurança – Serra destruiu a solidariedade partidária criada duramente por lideranças como Mário Covas, Franco Montoro e Sérgio Motta.

Quadros acadêmicos do PSDB, de alto nível, praticamente abandonaram o sonho de modernizar a política e ou voltaram para a Universidade ou para organizações civis que lhe abriram espaço.

O personalismo exacerbado

Principalmente, chamaram a atenção dois vícios seus, ambos frutos de um personalismo exacerbado – para o qual tantas e tantas vezes FHC tinha alertado.

O primeiro, a tendência de chamar a si todos os méritos, não admitir críticas e tratar todos subordinados com desprezo, inclusive proibindo a qualquer secretário sequer mostrar seu trabalho. Principalmente, a de exigir a cabeça de jornalistas que o criticavam.

O mal-estar na administração é geral. Em vez de um Estadista, passaram a ser comandados por um chefe de repartição que não admite o brilho de ninguém, nem lhes dá reconhecimento, não é eficiente e só joga para a torcida.

O segundo, a deslealdade. Duvido que exista no governo Serra qualquer estrela com luz própria que lhe deva lealdade. A estratégia política de FHC e Lula sempre foi a de agregar, aparar resistências, afagar o ego de aliados. A de Serra foi a do conflito maximizado não por posições políticas, mas pelo ego transtornado.

O uso do blogueiro terceirizado da Veja para ataques descabidos (pela virulência) contra Geraldo Alckmin, Chalita, Aécio, deixou marcas profundas no próprio partido.

Alckmin não lhe deve lealdade, assim como Aloizio Nunes – que está sendo rifado por Serra. Alberto Goldmann deve? Praticamente desapareceu sob o personalismo de Serra, assim como Guilherme Afif e Lair Krähenbühl – sujeito de tão bom nível que conseguiu produzir das poucas coisas decentes do malufismo e não se sujar.

No interior, há uma leva enorme de prefeitos esperando o último sopro de Serra para desvencilhar-se da presença incômoda do governador.

O que segura o serrismo, hoje em dia, é apenas o temor do espírito vingativo de Serra. E um grupo de pessoas que será varrido da vida pública com sua derrota por absoluta falta de opção. Mas que chora amargamente a aposta na pessoa errada.

Aliás, se Aécio Neves for esperto (e é), tratará de resgatar esses quadros para o partido.

Saindo candidato a presidente e ficando claro que não terá chance de vitória, o PSDB paulista se bandeará na hora para o novo rei. Pelas possibilidades eleitorais, será Alckmin, político limitado, sem fôlego para inaugurar uma nova era. Por outro lado, o PT paulista também não logrou se renovar, abrir espaço para novos quadros, para novas propostas. Continua prisioneiro da polarização virulenta com o PSDB, sem ter conseguido desenvolver um discurso novo ou arregimentado novas alianças.

O resultado final será o fim da era paulista na política nacional, um modelo que se sustentou [por] décadas graças ao movimento das diretas e à aliança com a velha mídia.

Acaba em um momento histórico, em que o desenvolvimento se interioriza e o monopólio da opinião começa a cair.

A história explica grande parte desse fim de período. Mas o desmonte teria sido menos traumático se conduzido por uma liderança menos deletéria que a de Serra.

Comentários

20 de fevereiro de 2010

19 de fevereiro de 2010

Dilma é para 2 mandatos, diz Lula


O Estado de São Paulo

BRASÍLIA - Na véspera de participar do 4.° Congresso Nacional do PT, que amanhã sacramentará a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à sua sucessão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisou que a herdeira do espólio petista, se eleita, deverá ficar dois mandatos no cargo. Em entrevista ao Estado, Lula negou que tenha escolhido Dilma com planos de voltar ao poder lá na frente, disputando as eleições de 2014.

Áudio - ouça a íntegra da entrevista

Áudio - ouça a entrevista em partes

"Ninguém aceita ser vaca de presépio e muito menos eu iria escolher uma pessoa para ser vaca de presépio", afirmou o presidente. "Todo político que tentou eleger alguém manipulado quebrou a cara." A dez meses da despedida no Palácio do Planalto, Lula disse que o ideal é deixar as "corredeiras da política" seguirem o seu caminho. "Quem foi eleito presidente tem o direito legítimo de ser candidato à reeleição", insistiu. "Eu tive a graça de Deus de governar este país oito anos."

Uma eventual gestão Dilma, no seu diagnóstico, não será mais à esquerda do que seu governo. Ele admite, no entanto, que, no governo, ela vai imprimir "o ritmo dela, o estilo dela". Na sua avaliação, porém, diretrizes do programa de governo de Dilma, que o PT aprovará nesta sexta-feira, 19, podem conter um tom mais teórico do que prático.

"Não há nenhum crime ou equívoco no fato de um partido ter um programa mais progressista do que o governo", argumentou. "O partido, muitas vezes, defende princípios e coisas que o governo não pode defender." Questionado se concorda com a ampliação do papel do Estado na economia, proposta na plataforma de Dilma, Lula abriu um sorriso. "Vou fazer uma brincadeira: o único Estado forte que eu quero é o Estadão", disse, numa referência ao jornal. Mais tarde, no entanto, destacou a importância de investimentos estratégicos por parte do Estado. "Quero criar uma megaempresa de energia no País." [Eletrobras]

O presidente manifestou preocupação com a divisão da base aliada em Estados como Minas, onde o PT e o PMDB até agora não conseguiram selar uma aliança. "Imaginar que Dilma possa subir em dois palanques é impossível", comentou. "O que vai acontecer é que em alguns Estados ela não vai poder ir."

Bem-humorado, Lula tomou uma xícara pequena de café e afirmou que Dilma não vai sentir sua falta como cabo eleitoral quando deixar o governo, em março. "Eu estarei espiritualmente com ela", brincou. Ele defendeu o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), deu estocadas no ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, falou da chuva em São Paulo, mas poupou o governador José Serra (PSDB), provável adversário de Dilma.

Nem mesmo a língua afiada do deputado Ciro Gomes (PSB-CE), porém, fez Lula desistir de convencer o antigo aliado a não concorrer à Presidência. "É preciso provar que o santo Lula está errado", provocou.

18 de fevereiro de 2010

11 de fevereiro de 2010

"São Paulo entraria com as crianças", diz Serra



Por Luiz Carlos Azenha

O mais curioso deste encontro é que, na coletiva que deu em seguida, o governador José Serra, diante da pergunta de um repórter sobre o custo que o projeto da cantora teria para o estado de São Paulo, disse que não custará nada, uma vez que, entre outras coisas, "São Paulo entra com as crianças".

Ou seja, São Paulo vai "fornecer" as crianças [pobres] para os experimentos educacionais e pedagógicos de Madonna. É coisa de colonizado: o Brasil entra "apenas" com as crianças, Madonna com a "sabedoria". Sinceramente, para quem já teve o Gabriel Chalita como secretário da Educação, fico sem saber se para as crianças "fornecidas" será uma evolução ter aulas com a "professora" Madonna.


Governador José Serra promete à popstar Madonna que vai "ceder" crianças paulistas.

O atual secretário da Educação, Paulo Renato, já disse que a experiência educacional de Madonna será feita primeiro com os pobres, que ninguém da classe média é doido:

“Entraríamos primeiramente em regiões mais pobres".

Para efeito de privatização educacional, criança pobre tem prioridade em São Paulo.

6 de fevereiro de 2010

E agora, Jarbas??


Governador Eduardo Campos (PE): “Mais emprego e renda pra nossa gente”

Esta semana, o município de Jaboatão dos Guararapes, na região metropolitana do Recife (PE), recebeu autorização para o início das obras de infraestrutura da Zona de Processamento de Exportação (ZPE), uma espécie de zona franca para a produção de equipamentos com tecnologia de ponta voltada para o mercado externo. Numa cerimônia rápida, com a participação do presidente Lula,
o decreto foi assinado. Agora, o governo do estado de Pernambuco inicia a contratação das obras de R$ 3,753 milhões.



O governador Eduardo Campos aposta no empreendimento como forma de alavancar a economia pernambucana. A ZPE será construída num terreno de 500 hectares. A primeira etapa deve estar concluída em janeiro de 2011, quando serão iniciadas as operações das fábricas de eletroeletrônicos e produtos farmacêuticos. Quando estiver funcionando a pleno vapor, a ZPE contará com três mil operários.

Bastante a vontade, o presidente Lula explicou que se o projeto funcionar a contento, o governo autorizará novas áreas especiais na região Nordeste. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) tem uma biblioteca virtual com as informações sobre as ZPEs -- ver aqui e aqui.


Fonte: Planalto

2 de fevereiro de 2010

E agora, Reinaldo? E agora, José??


Por Carls 1969

Ontem, Reinaldo Azevedo, colunista da Veja, escreveu aquilo que parece um ato de desespero extremo: tentar vomitar, a contra-gosto, que a "disputa de 2010" será "duríssima" após analizar, ao seu modo, os novíssimos dados da pesquisa CNT/Census para a disputa para a Presidência da República em outubro deste ano.

José Serra (PSDB) - 33,2%
Dilma Rousseff (PT) - 27,8%
Ciro Gomes (PSB) - 11,9%
Marina Silva (PV)- 6,8%
Votos nulos e brancos - de 11,1% para 10,5%

Dilma subiu 6,1 pontos, de 21,7% para 27,8%.
Serra oscilou 1,4 pontos (subiu), de 31,8% para 33,2%.
Ciro caiu 5,6 pontos, de 17,5% para 11,9%
Marina oscilou 0,9 pontos, de 5,9% para 6,8%


Ora, mas não era pra ser "um passeio" do Serra sobre Dilma, nessas eleições de 2010? Não eram os tucanos que estavam esperando somente o Lula terminar o mandato para se acomodarem tranquilamente no Planalto??

Atentamente, vamos conferir o quê o famigerado blogueiro escreveu ôntem em seu blog:

AS PESQUISAS E O FUTURO

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010 5:49

Por Reinaldo Azevedo

Caros, um texto importante, que serve, acho eu, para nortear o debate ao menos neste blog e para acompanhar a política com realismo. Vamos lá.

Muita gente pode não gostar do que escrevo, e eu entendo perfeitamente os motivos. Acusem-me disso ou daquilo, não dou a mínima. Só não podem me acusar de falta de clareza. Já escrevi mais de uma vez que a eleição de 2010 será duríssima. E já disse também que, dadas as circunstâncias, os tucanos devem considerar que Dilma Rousseff é favorita. Isso é importante até para que tenham juízo.



NÃO SERÁ FÁCIL TIRAR DO PODER UM GOVERNO QUE, JUSTA OU INJUSTAMENTE, POUCO IMPORTA, TEM A POPULARIDADE ALTÍSSIMA. Não só isso: se a disputa se desse dentro das regras do jogo, muito bem. Mas não se dá. Jamais se viu uma máquina de propaganda como a que está aí, que junta, é bom lembrar, a verba publicitária oficial, das estatais e também das empresas privadas. Quase milagroso, também já escrevi, é Serra, a esta altura, manter-se na liderança e vencer o segundo turno com razoável vantagem. OU MELHOR: SEM CIRO, ELE VENCE NO PRIMEIRO! Isso tudo está nos arquivos, é só procurar.
Alguém tem o direito de desconfiar que considero a derrota de Dilma importante para a democracia? Não! Não tem! Só se não souber ler. Mas não estou aqui para fazer o difícil parecer fácil ou para afagar a cabeça dos tucanos se eles insistirem em fazer a coisa errada. É evidente que as oposições podem vencer as eleições. Mas terão de se dar conta da brutal dificuldade. É claro que Dilma, por si mesma, é uma candidata ruim. Não fosse, já estaria na frente. Antes que prossiga, leiam o que segue em negrito.

Estamos em 6 de maio de 2007. Lula tomou posse do segundo mandato há quatro meses e seis dias. Na Folha de S. Paulo, le-se: “Lula diz que a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) tem futuro político. Interlocutores recentes saíram de conversa com Lula com a impressão de que, se o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) obtiver êxito, Dilma pode ser uma candidata do bolso do colete.”

No El País, jornal espanhol, de 9 de outubro de 2007 - Lula estava no poder havia 10 meses -, o correspondente Juan Arias escrevia que Lula, ao converter Dilma “em seu braço direito e ao também ter encomendado a ela seu grande projeto econômico, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) catapultou-a a ser a candidata natural à sua sucessão”. E mais:
“Hoje todos sabem que em 2010 será quase impossível que se eleja como sucessor de Lula alguém contrário a ele. E jornal concluía: “Tudo indica que Lula queira uma mulher”.

Voltei
Peguei duas referências de 2007 para evidenciar que Dilma Rousseff, a rigor, está em campanha há mais de três anos. Alguém acha que o correspondente do El País teve um sonho ruim e imaginou Dilma candidata? Não! Os planaltinos já estavam operando. Qualquer nome escolhido por Lula seria forte — e um outro poderia ser até mais forte. Nem tanto por causa da chamada transferência de votos, mas por causa da máquina, que é poderosa.

Dilma herda, como indicada do chefe máximo do PT, a mais longa campanha à Presidência da República do mundo. Atenção: Lula está em campanha eleitoral há 30 anos! Desde a fundação do PT! Subiu no palanque em 1980, disputou já uma eleição ao governo de São Paulo, em 1982, e nunca mais desceu. Fez oposição moderada ao último governo da ditadura e operação feroz aos quatro presidentes da era democrática que o antecederam. Tendo chegado ao poder, não mudou: CONTINUOU A FAZER OPOSIÇÃO AO… PASSADO. Mesmo presidente, ele continuou em campanha eleitoral contra FHC!!! E aquele espírito está agora a serviço de Dilma, com o apoio da máquina.

Depois de mais de três anos de campanha, o que há de surpreendente no fato de a petista ter 27,8% ou 28,5% dos votos? NADA! RIGOROSAMENTE NADA!!! Não sei se os números do Sensus estão certos. Sei que, se estiverem, não há nada de estranho nisso. Como os números de Serra me parecem razoáveis, dado o andamento da não-campanha do PSDB. E que se note: não estou dizendo que o tucano está errado em não precipitar o debate. Acho até que ele está certo.

Juízo
O que os tucanos e as oposições precisam ter é juízo. Não existem milagres em disputas eleitorais — Deus certamente se ocuparia de coisas mais interessantes. É importante abandonar o raciocínio mágico: “Ah, quando chegar a hora, Serra vai lá e fatura!” Ou ainda: “Se Serra apontasse todos os descalabros do governo, a situação seria outra”. É mesmo? “Descalabros” de um governo aprovado por mais de 70%? De novo: posso achar esse número um tanto absurdos, mas não brigo nem com pesquisas nem com o povo — mesmo quando acho que ele está errado. Ademais, por enquanto, o tal povo quer um tucano no lugar de Lula.

E, então, cabe ao PSDB e aos líderes tucanos, cientes da dificuldade, fazer o máximo possível para que isso aconteça. E o máximo quer dizer “o máximo”!!! O máximo quer dizer que os tucanos deveriam, por exemplo, atuar para consolidar os eleitorados de São Paulo e Minas — tanto quanto a máquina petista, nota-se, tenta dar o Nordeste, única região em que Dilma vence hoje, como fatura liquidada. É claro que cada candidato terá de avançar sobre as fortalezas do adversário. Mas é importante ter fortalezas.

Ilusões
Não se ganham eleições com ilusões. E é uma ilusão achar que a “criatura eleitoral de Lula”, porque fraca pessoalmente, continua fraca quando ungida pela máquina. Máquina pode eleger até candidatos ruins de governos impopulares!!! Serra e Aécio Neves conseguirão estar juntos, mas juntos mesmo, numa disputa, como parece querer a maioria dos eleitores? Se a resposta for “sim”, o PSDB estará jogando com força máxima. Se a resposta for “não”, então se trata de um jogador que não vê o principal: e o principal, para os oposições, é derrotar o PT.

Entenderam? Eu não brigo com as pesquisas porque acho que os números que estão aí são absolutamente explicáveis, razoáveis e lógicos. O PSDB quer chegar ao poder? Que saiba lê-los. E ai daquele que apostar que uma vitória de Dilma rearranjaria todo o cenário, abrindo o caminho para novas lideranças nas oposições etc. Isso é prova de desconhecimento do que é realmente o PT. Essa é uma aposta similar àquela de meados de 2005 de que Lula sangraria no poder até o definhamento.

Quem tem de decidir se quer ganhar ou perder é o PSDB. O PT já decidiu: quer ganhar.


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E agora, Reinaldo?? E agora, José??

Pernambuco, a nova locomotiva do Brasil

Quando São Paulo acordar, perdeu o trem


Por Paulo Henrique Amorim

Anotações de uma viagem a Petrolina, em Pernambuco.

Neste último fim de semana, foram vendidos – no fim de semana – 450 apartamentos de R$ 70 mil, em 15 prédios diferentes, para compradores com renda entre 3 e 6 salários mínimos.

Amanhã, ainda em Petrolina, haverá um outro lançamento, com 500 unidades.

Os dois, dentro do programa Mina Casa, Minha Vida, da Caixa.

Segundo Alex Jenner Norat, superintendente regional da Caixa em Pernambuco, o programa Minha Casa, Minha Vida aplicará R$ 34 bilhões para resolver apenas 14% do déficit habitacional do país.

Ou seja, ainda há muita casa popular a ser construída.

(Só para fazer uma comparação: a única obra parecida do governo do Farol de Alexandria, um Programa Habitacional de Interesse Social, tinha R$ 300 milhões para aplicar. Uma pequena diferença.)

Em 2006, havia 1.600 alunos matriculados em escolas técnicas do Estado de Pernambuco.

Este ano, serão 16.000 novas matrículas.

A construção civil cresce 20% ao ano em Pernambuco.

O comércio, 10%.

A indústria, 6%.

Uma simples mudança no ICMS permitiu que, este ano, sejam gerados 18.000 empregos na indústria do call center.

No Complexo Portuário de Suape foram gerados 15 mil empregos.

O estaleiro Atlântico Sul abriu 9 mil vagas.

96 empresas em operação em Suape.

Em Suape será criado um polo petroquímico, com especialização em fibras têxteis.

Em Suape, haverá um pólo para prover equipamentos e serviços para a indústria do gás e petróleo off-shore.

10 mil pernambucanos trabalham na transposição do rio São Francisco.

A próxima etapa da construção da refinaria Abreu e Lima, uma sociedade da Petrobrás com Hugo Chávez, vai precisar de 12 mil empregos adicionais.

A ferrovia Transnordestina terá a extensão de 1.730 quilômetros e ligará os Estados do Ceará, de Pernambuco e do Piauí.

Vai exigir investimentos de R$ 5,4 bilhões.

A ferrovia fará a ligação dos centros de produção de grãos (Piauí), gesso (Pernambuco), avicultura e agricultura irrigada do semi-árido nordestino, aos portos de Suape em Pernambuco, e Pecém no Ceará.

Deverá criar 7 mil empregos diretos.

A fruticultura irrigada de Petrolina – da uva sem caroço e da manga sem fibra – produz mais de um milhão de toneladas por ano.

Em Pernambuco é onde, hoje, no Brasil, o crédito cresce mais rápido.

Em um ano, a carteira, segundo o Banco Central, cresceu em Pernambuco 65%.

Em segundo lugar, no Rio, com um aumento de 38%.

São Paulo ficou abaixo da média: 14%.

Aí, você chega de volta a São Paulo.

Um engarrafamento na Marginal às 5H30 da manhã.

Abre o jornal Agora (o único que presta em São Paulo), pág A-4, e lê: “Protesto no Jardim Romano – aquele bairro da Zona Leste que há 40 dias está alagado com esgoto – impede obra em rua – moradores dizem temer que casas sejam ainda mais afetadas com suposto rebaixamento de via.”

Lê na Folha (*), pág. A8, que o Zé Alagão (José Serra, governador de SP) vai redesenhar sua campanha publicitária.

Em lugar de “São Paulo trabalhando por você”, o novo slogan será “Um Estado cada vez melhor”.

Ele pensa que engana.

Paulo Henrique Amorim

Em tempo: O Conversa Afiada reproduz o comentário do amigo navegante Tenório.

Muito triste isso...

E veja essa notícia PHA: Indústria de São Paulo corta 98 mil empregos
Tenório – SP

(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que avacalha o Presidente Lula por causa de um comercial de TV; que publica artigo sórdido de ex-militante do PT; e que é o que é, porque o dono é o que é ; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.