29 de abril de 2010

O jogo sujo do PSDB na Internet

Deputado Brizola Neto (PDT/RJ) denuncia sites oficiais tucanos



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Saiu no Tijolaço, blog do deputado Brizola Neto:

“Civilidade” do PSDB e de Serra é uma fraude

27 abril, 2010 às 23:43

Imagine se o PT, o PDT ou outro partido que apóia Dilma tivesse no seu site oficial um link para outro site – também registrado em nome do partido – intitulado “Gente que Mente”, dedicado exclusivamente a atacar o tucanato, o que aconteceria. Folha, Globo, Estadão, todos eles estariam caindo em cima: “Dilma monta site para atacar adversários”, não seria um título plausível para este caso?

E se sucederiam notas e artigos protestando contra a baixaria… Alguns dirigentes gaguejariam, diriam não concordar com isso, que a campanha teria de ser de “alto nível”, com propostas, não com ataques pessoais…Logo iam pedir – e levar – a cabeça do “interneteiro” responsável, que teria seu rosto exposto nas páginas e, isolado, ia acabar dizendo, sob a incredulidade geral, que a direção do partido e a candidata não sabiam de nada. Ninguém iria acreditar, e com razão…

Pois bem. Desafio publicamente a direção do PSDB, o senhor José Serra e a grande imprensa brasileira a dizerem se não é exatamente isso que o PSDB – sob as ordens diretas do Sr. Eduardo Graeff, ex-secretário de FHC, coordenador da campanha serrista e membro da Direção Nacional do PSDB – está fazendo. Faz e faz com a cumplicidade geral.

Reproduzi a página do site oficial do PSDB (www.psdb.org.br), tomada às 22:30 de hoje. Ali há um banner rotativo (onde os links se sucedem) apontando para o site www.gentequemente.org.br , dedicado a publicar acusações e chamar de mentirosos Lula e Dilma. O mesmo nome, só que com a terminação com.br, está registrado no mesmo nome da empresa que faz o site www.amigosdoserra.com.br, a DDM.

Este site não é de terceiros. Pertence ao PSDB, à direção nacional do partido, conforme você pode verificar com a página de registro no Comitê Gestor da Internet no Brasil.

O candidato José Serra age fraudulentamente quando elogia o governo Lula e diz que vai fazer uma campanha civilizada e de propostas, enquanto estimula que, sob a responsabilidade direta de seu partido, a guerra suja se espalhe na rede.

Não é um militante pró-serra que faz o site. Não é um parlamentar pró-serra. É o partido, é a instituição.

Eu ofereço os documentos, as provas. Mais que isso não posso fazer. Não posso ir à Justiça Eleitoral e à Cível em nome de Lula ou de Dilma, muito menos do PT. Posso ir à tribuna, nos poucos segundos de que um parlamentar dispõe nas sessões da Câmara. Posso publicar aqui. Posso combater sozinho, se não houver quem tenha a coragem de enfrentar as armações.

Mas, sozinho, posso pouco. Que aqueles que podem muito assumam suas responsabilidades.

Ou vamos ficar quietinhos, enquanto o jogo sujo – e milionário – campeia na rede?

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Do blog do Paulo Henrique Amorim, Conversa Afiada:

Clique aqui para ler: “Serra ataca na blogosfera (pelas costas, como sempre)”.

Em tempo 1: O Conversa Afiada encaminhou esse post à Presidência do TSE aos cuidados das assessoras Gleice Lopes e Silvana de Freitas e aguarda uma resposta.

Em tempo 2: O Conversa Afiada perguntou ao presidente do PT, José Eduardo Dutra, o seguinte: “O senhor vai ficar calado ?”.

Em tempo 3: o deputado Brizola Neto tratará desta denúncia das atividades do velho Serra de sempre da tribuna da Câmara hoje. Como diz o Ciro Gomes, se for preciso, o Serra passa com um trator em cima da mãe.

21 de abril de 2010

O paralelo entre Dilma e Marta

E Dilma vai virando outra Marta

Teimosia, arrogância e indolência na campanha de 2010

Por Mauro Carrara

Meu Deus! Chega de “mimimi”, garotada. Quem não sabia? Quem foi pego de surpresa pela operação Tempestade no Cerrado? Quem imaginava céu de brigadeiro no vôo de Dilma ao Planalto?

Há décadas, o roteiro de destruição de reputações é o mesmo. E a reação da cúpula de comunicação do PT, o partido sem mídia, é sempre a mesma. Mistura teimosia, arrogância e indolência. Invariavelmente, dá com os burros n’água.

Erudina, por exemplo, fez excelente trabalho na prefeitura de São Paulo, mas foi duramente fustigada pelos jornalões.

O Estadão, por exemplo, pagava um repórter para buscar, durante 24 horas, informações que a prejudicassem.

Alberto Luchetti Neto, sujeito de cultura e talentos limitados, aproveitou a oportunidade e virou peixe grande na imprensa. Fez amigos poderosos.

Pouco depois, virou diretor executivo da Rádio Bandeirantes. Mais tarde, dirigiu o programa do Faustão, na Globo.

Os fatos oferecem uma ideia de como a direita brasileira valoriza o trabalho tático de destruição de imagens. Erundina não fez seu sucessor, e os barões paulistas consideraram ter contraído uma dívida eterna com Luchetti.

Anos depois, Marta Suplicy realizou belas obras à frente da prefeitura paulistana, mas também sofreu pesadíssimo bombardeio da imprensa elito-fascista da Capital.

Em 2008, havia uma memória popular residual dos benefícios obtidos durante a gestão da petista. E, assim, a loura ocupou, de cara, o topo das pesquisas de opinião por meses e meses.

Bastou o primeiro lugar temporário para que os teimosos, arrogantes e indolentes desenhassem a trilha de mais um fracasso eleitoral.

Negligentes, não foram capazes de erigir uma barreira midiática de proteção à candidata. E, assim, todos os rótulos negativos foram novamente (e facilmente) colados à petista, pintada na Internet como “perua”, “vagabunda”, “ladra”, “adúltera” e “incompetente”.

O sandeu Kassab pôde então nadar de braçada, e ganhou de goleada, até mesmo na periferia, tradicional reduto vermelho.

Há várias semanas, denunciamos a deflagração da operação “Tempestade no Cerrado
, logo após o encontro dos barões da imprensa no Instituto Millenium.

Afinal, tudo vazou de imediato nas redações. Os editores foram obrigados a adestrar cada repórter para a ação destrutiva em curso.

Também avisamos sobre a fábrica de “hoaxes” graeffista. E, de lá para cá, dezenas e dezenas de pessoas foram arregimentadas para divulgar peças difamatórias na Internet.

O rapaz do “xerox”, aqui perto de casa, no Brás, já recebeu uma dessas bombas virtuais.

Até a mulher da quitanda já leu. Ela não tem Internet, mas uma sobrinha tratou de imprimir o texto que aponta Dilma como “assaltante de bancos” e “prostituta de guerrilheiros”.

Paralelamente, até os entes minerais já sabiam que a grande imprensa mandaria às favas qualquer escrúpulo, antecipando a campanha serrista. E está aí, na propaganda institucional da Globo (suspensa) e na capa escandalosa de “Veja”.

E, dessa forma, sem qualquer oposição organizada, as forças reacionárias vão colando tudo que há de ruim à imagem de Dilma Rousseff. Vai virando outra Marta…

Há um padrão repetitivo de erros nas ações estratégicas de comunicação do PT e de seus aliados. E são cinco:

- No poder há 7 anos, a esquerda não foi capaz de criar um jornal eclético, multitemático, dirigido às massas ou à classe média leitora. Até os confusos comunistas italianos têm; aqui, não temos nada.

- Tampouco há um portal de Internet, também eclético e multitemático, capaz de difundir a versão correta dos fatos políticos e divulgar as conquistas do governo Lula. A juventude de classe média, por exemplo, é altamente conectada, mas tem a pior visão possível da esquerda.

- 90% dos conteúdos da chamada “blogosfera lulista” circulam dentro dos próprios redutos da esquerda. As denúncias, correções e defesas raramente chegam ao povo votante. Temos de valorizar esses guerreiros midiáticos, mas os resultados, em termos midiáticos, são extremamente modestos.

- Não existe uma ação planejada e efetiva de caça aos difusores de calúnias na Internet. Aparentemente, a esquerda não tem advogados, desconhece a Lei e considera inevitável a ação dos criminosos virtuais.

- O PT e seus aliados continuam com medo da imprensa monopolista. Não a denunciam, não a desmascaram. Vergonhosamente ajoelhados, reagem com vagas lamúrias, dirigidas aos próprios algozes. São incapazes de se comunicar diretamente com a população, de modo a desmascarar os barões midiáticos.

Vale lembrar ainda que pouquíssimos militantes têm feito a lição de casa. Entre os comentaristas dos sites dos grandes jornais, a malta reacionária está sempre em vantagem.

Em média, para cada comentário favorável a Dilma Rousseff e Lula, há 10 contrários.

Prova que não temos um Graeff do bem. E que nossos batalhões também são indisciplinados e, muitas vezes, preguiçosos.

Se o destino de Dilma pode ainda ser diferente daquele de Marta, há que se produzir uma mudança no curso das ações de comunicação e propaganda.

Se a candidata não pode ser estigmatizada, é preciso que essa operação de iluminação informativa comece agora, e já.

E esse trabalho de defesa estratégica precisa urgentemente gerar saber político extensivo. Precisa impactar o sujeito do xerox e a senhora da quitanda.

E chega de “mimimi”!

16 de abril de 2010

A guerra do Datafolha


Os bastidores do caso Datafolha começam a aflorar

Por Luis Nassif

Alguns dias antes do lançamento da candidatura José Serra, correu a informação de que o Instituto Sensus divulgaria sua pesquisa no mesmo dia. Poderia ser o anticlímax para Serra.

Dias antes, o Sensus passou a levar tiros da Folha, tentando desqualificar a pesquisa antes de saber o resultado. Um repórter foi incumbido de ouvir os donos do Instituto. Percebendo o jogo, ele informou que, devido às chuvas no Rio, os resultados sairiam após o dia do lançamento da candidatura Serra.

Em vão. Os tiros prosseguiram e a velha mídia começou a deixar pistas pelo caminho. O Datafolha preparou uma pesquisa de emergência, não programada. O Jornal Nacional anunciou que, dali para frente, só divulgaria resultados do IBOPE e do Datafolha.

Datafolha e os dados eleitorais do sul

Observe na análise do Gunther o seguinte desempenho dos candidatos no sul, comparando com as últimas pesquisas Datafolha e Sensus:

A pesquisa polêmica do Datafolha (de 26 de março) foi crucial para o lançamento da candidatura José Serra. Segurou aliados que poderiam se debandar, criou um novo alento para a campanha – que só se esboroou com as últimas pesquisas Vox Populi e Sensus.

Pouco antes, o Jornal Nacional anunciara que passaria a divulgar apenas pesquisas do Datafolha e do IBOPE. E, dias antes da divulgação das pesquisas Vox e Sensus, a Folha iniciou campanha de descrédito delas – mesmo antes de conhecer o resultado.

No Datafolha de 26 de março, Serra subiu 12 (!) pontos no sul em relação à pesquisa do IBOPE de 9 de março e 10 (!) pontos em relação ao Datafolha de um mês antes, sem nenhum fato novo relevante que pudesse explicar a mudança.

Tirando esse calombo, no histórico das diversas pesquisas percebe-se Serra caindo sistematicamente no sul desde novembro, quando estacionou em 39%, mantendo-se assim em fevereiro. Depois entra em queda de um ponto no Datafolha e de dois no IBOPE (dentro da margem de erro?), mas consolidando-se a tendência de queda no Vox Populi e no Datasensus.

No caso de Dilma, observa-se a tendência crescente, saindo de 14 pontos no IBOPE de 14 de setembro para 34 pontos no IBOPE de 9 de março. Aí vem o Datafolha e derruba para 20%. Nas duas pesquisas seguintes – Vox Populi e Sensus – volta-se à tendência original de 33% e, depois, o salto para 40% do Sensus.
Saiu o resultado do Datafolha, chamando a atenção geral, a ponto de ser colocado em dúvida pelos próprios jornalistas da Folha. Em vez de jogar com margens de erro em todos os estados, para beneficiar a candidatura Serra, o Datafolha jogou toda a variação no sul. E aí escancarou os erros cometidos, abrindo margem para fortes suspeitas de manipulação da pesquisa.

Foi o mais desgastante episódio na vida do instituto – que conquistou credibilidade nos anos 80 ao fazer o contraponto ao IBOPE.

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Datafolha e Ibope tentam suicídio

Por Eduardo Guimarães

Fiz um gráfico (acima) com a evolução de Dilma e de Serra nos diversos institutos de pesquisa a partir de janeiro. Escolhi o cenário com Ciro Gomes e Marina Silva na disputa, pois é o cenário mais noticiado pela mídia e tido como mais provável.

Ao dispor os números dessa forma, confirma-se, sem dúvidas, a tendência de subida de Dilma e queda de Serra ao longo deste ano. Mas não é só.

O gráfico também revela que o Datafolha e o Ibope vêm correndo atrás do Sensus e do Vox Populi. Tentam ir para outro lado, mas são arrastados na direção dos concorrentes.

Em dois momentos da linha de tempo que tracei, primeiro o Ibope e depois o Datafolha tentam abrir a boca do jacaré (forma como os estatísticos vêm chamando a convergência das linhas dos gráficos de evolução das pesquisas), sendo corrigidos um pelo outro ou pelos outros dois institutos, mais adiante.

Notem que, em dois momentos, o Ibope, primeiro, e o Datafolha depois aumentam os percentuais de Serra e deprimem os de Dilma, mas são obrigados a ir na direção que Sensus e Vox Populi vêm sinalizando de forma inequívoca.

Na pesquisa Ibope feita entre 6 e 9 de fevereiro, o Ibope inverte a tendência verificada entre as pesquisas Vox Populi e Sensus, feitas entre 14 e 29 de janeiro, mas só para ser corrigido pelo Datafolha em pesquisa feita entre 24 e 25 de fevereiro, pesquisa que mostra, de novo, Serra caindo e Dilma, subindo.

Mais adiante na linha do tempo, no período de 25 a 26 de março, é a vez do Datafolha de tentar abrir a boca do jacaré. Mas, agora, quem desmentira o Ibope – que teve que se adequar – é desmentido por Vox Populi e Sensus poucos dias depois da aparente fraude que pode ter tentado praticar.

O gráfico mostra, portanto, uma espantosa resistência do Datafolha e do Ibope aos fatos. Está mais do que claro que, deliberadamente, tentam abrir a boca do jacaré, mas acabam tendo que fechá-la mais adiante ao serem desmentidos por outras pesquisas.

O Datafolha está em campo fazendo nova pesquisa meros 15 dias depois da última. Esse é um fato inédito em pesquisas eleitorais depois do ineditismo maior, de esse instituto ter passado a atacar os concorrentes como nunca antes na história deste país.

Nestas minhas cinco décadas de vida, é a primeira vez que vejo duas empresas de renome, que deveriam visar a qualidade do que fazem nem que fosse visando lucros, cometerem suicídio. E com requintes de crueldade, diga-se.

Mas o mais impressionante em meu estudo foi a descoberta de que, apesar de o Ibope ter dado uma destoada fortíssima lá atrás, destoada que teve que corrigir mais adiante, depois do Datafolha, em sua segunda pesquisa do ano o instituto dos Frias ousou ainda mais.

Apesar de o Ibope ter forçado a barra nos números, manteve a tendência de Sensus e Vox Populi de subida de Dilma e queda ou estagnação de Serra, enquanto que o Datafolha ousou menos nos números mas inverteu a tendência dos outros três institutos, fazendo Dilma cair e Serra subir.

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Deputado do PSDB só aceita pesquisas do Ibope e Datafolha

Por Stanley Burburinho

Jutahy ironiza Sensus: “Sou que nem a Globo, só vejo Datafolha e Ibope”

Deu na coluna Raio Laser, da Tribuna: “Dos políticos mais ligados a José Serra no país, o baiano Jutahy Jr. (foto) ironizou ontem resultado do instituto Sensus que mostrava Dilma Rousseff próxima ao tucano. “Sou que nem a Rede Globo. Só me ligo nos resultados do Datafolha e do Ibope”, afirmou, lembrando que passou a não confiar nos resultados do
Vox Populi e do Sensus há muito depois dos números exibidos pelos dois institutos.”

12 de abril de 2010

Jornalistas do PiG: Eliane Cantanhêde

A massa tucana é "cheirosa"

6 de abril de 2010

A dimensão de Lula

(ver vídeos abaixo)

Por Eduardo Guimarães

Apesar de ser fã de carteirinha do presidente Lula, fiquei surpreso com o seu desempenho na entrevista que concedeu ao programa Canal Livre, da TV Bandeirantes, apresentado a partir das 23 horas do último domingo. Isso porque, sob pressão extrema, ele sempre se saiu pior do que poderia mesmo sendo esse comunicador prodigioso que até seus adversários reconhecem.

E o presidente esteve sob forte pressão naquele programa. Jornalistas tarimbados e especializados nesse tipo de debate, que se apresentam e são pagos como portentos de inteligência e de conhecimentos gerais – e não estou dizendo que sejam o que pensam que são, é bom esclarecer –, tentaram, por todas as formas, encurralá-lo ou fazê-lo se perder em sua argumentação. Mas fracassaram, pois nunca o vi tão afiado.

Contudo, que não pensem que estou reclamando de Lula ter sido inquirido daquela forma porque esse é o papel do jornalista. Imaginem se, num programa de mais de hora, os entrevistadores se limitassem a discutir amenidades e a elogiar o entrevistado. Seria aborrecido demais. Aliás, as perguntas incômodas foram boas até para o presidente ter como responder às críticas-padrão a seu governo e a ele mesmo.

É aí, então, que a porca torce o rabo – nas críticas-padrão. Os inquiridores de Lula, do alto de suas, digamos, propaladas “sapiências”, foram de uma mediocridade a toda prova. Nenhum, absolutamente nenhum dos questionamentos e críticas que fizeram saiu de suas cabeças. Estavam todos seguindo um roteiro que se vê à exaustão nessa imprensa anti-Lula e anti-PT, dia após dia, há quase oito anos.

Como apreciador incondicional do bom jornalismo, apoiaria se tivessem feito questionamentos realmente relevantes. Poderiam ter perguntado por que se permite que os bancos continuem praticando o maior “spread” (taxa de risco nos empréstimos) do mundo em um país que hoje tem um dos menores riscos médios - em vários países ricos, hoje, esse risco é muito maior do que no Brasil, e o spread desses países, infinitamente menor.

Isso eles não perguntam. Vai que desencadeiam alguma ação deste governo no sentido de coibir essa barbaridade... Seria divertidíssimo ver a mídia tentando defender os interesses de sua turma sem dar pinta.

O que me impressionou, assim, foi a evolução de Lula. Acompanho seus debates desde 1982, quando, ao lado de Franco Montoro, Reinaldo de Barros, Rogê Ferreira e outras feras deu um show no debate entre os então candidatos a governador de São Paulo. Nunca me esquecerei da resposta que deu quando lhe perguntaram se era socialista, trotskista ou sei lá mais o que e ele respondeu, de forma genial, que era torneiro mecânico.

Era, então, um Lula em estado bruto, mas já deixando a ver os predicados que o levariam aonde o levaram.

Ele conta aos jornalistas, durante essa entrevista ao Canal Livre, o que eles meramente supõem sobre os grandes líderes mundiais. Revela bastidores dos encontros com eles, explica como funciona o Estado, desmonta versões pernetas sobre o que pensa e pretende... Teria que escrever vários posts para reproduzir fidedignamente a aula dada por esse que julgo ser o único verdadeiro estadista que conheci.

E se pudesse escolher as melhores respostas que o presidente deu, escolheria só duas. E nem são aquelas em que deixou seus inquiridores com a brocha na mão. Foram suas declarações finais sobre dois assuntos que revelaram toda pequenez e burrice de quem os abordou. Refiro-me às pretensões que tentaram lhe atribuir de se tornar secretário-geral da ONU depois de encerrar seu governo e de se candidatar de novo à Presidência em 2014.

O estadista Luiz Inácio Lula da Silva disse que o cargo de secretário-geral da Organização das Nações Unidas não deve ser de um líder político forte e, sim, de um burocrata, porque, do contrário, esse super-secretário poderia querer se impor sobre as nações. E fiquei emocionado com a sua resposta sobre tentar se eleger presidente de novo daqui a quatro anos, quando disse que já tinha feito a sua parte e que merecia descanso.

Lula se tornou maior que Lula. Ele não é mais apenas um político e governante ultra-popular e bem sucedido. Sua dimensão vai se tornando uma lenda que julgo que fará registrar seu nome na história. É assim que o vi na entrevista que concedeu no último domingo. Sem o menor exagero, certo de que cada palavra que escrevi é mais do que merecida.

Entrevista na Band, 4 de abril de 2010