16 de abril de 2010
A guerra do Datafolha
Os bastidores do caso Datafolha começam a aflorar
Por Luis Nassif
Alguns dias antes do lançamento da candidatura José Serra, correu a informação de que o Instituto Sensus divulgaria sua pesquisa no mesmo dia. Poderia ser o anticlímax para Serra.
Dias antes, o Sensus passou a levar tiros da Folha, tentando desqualificar a pesquisa antes de saber o resultado. Um repórter foi incumbido de ouvir os donos do Instituto. Percebendo o jogo, ele informou que, devido às chuvas no Rio, os resultados sairiam após o dia do lançamento da candidatura Serra.
Em vão. Os tiros prosseguiram e a velha mídia começou a deixar pistas pelo caminho. O Datafolha preparou uma pesquisa de emergência, não programada. O Jornal Nacional anunciou que, dali para frente, só divulgaria resultados do IBOPE e do Datafolha.
Datafolha e os dados eleitorais do sul
Observe na análise do Gunther o seguinte desempenho dos candidatos no sul, comparando com as últimas pesquisas Datafolha e Sensus:
A pesquisa polêmica do Datafolha (de 26 de março) foi crucial para o lançamento da candidatura José Serra. Segurou aliados que poderiam se debandar, criou um novo alento para a campanha – que só se esboroou com as últimas pesquisas Vox Populi e Sensus.
Pouco antes, o Jornal Nacional anunciara que passaria a divulgar apenas pesquisas do Datafolha e do IBOPE. E, dias antes da divulgação das pesquisas Vox e Sensus, a Folha iniciou campanha de descrédito delas – mesmo antes de conhecer o resultado.
No Datafolha de 26 de março, Serra subiu 12 (!) pontos no sul em relação à pesquisa do IBOPE de 9 de março e 10 (!) pontos em relação ao Datafolha de um mês antes, sem nenhum fato novo relevante que pudesse explicar a mudança.
Tirando esse calombo, no histórico das diversas pesquisas percebe-se Serra caindo sistematicamente no sul desde novembro, quando estacionou em 39%, mantendo-se assim em fevereiro. Depois entra em queda de um ponto no Datafolha e de dois no IBOPE (dentro da margem de erro?), mas consolidando-se a tendência de queda no Vox Populi e no Datasensus.
No caso de Dilma, observa-se a tendência crescente, saindo de 14 pontos no IBOPE de 14 de setembro para 34 pontos no IBOPE de 9 de março. Aí vem o Datafolha e derruba para 20%. Nas duas pesquisas seguintes – Vox Populi e Sensus – volta-se à tendência original de 33% e, depois, o salto para 40% do Sensus.
Saiu o resultado do Datafolha, chamando a atenção geral, a ponto de ser colocado em dúvida pelos próprios jornalistas da Folha. Em vez de jogar com margens de erro em todos os estados, para beneficiar a candidatura Serra, o Datafolha jogou toda a variação no sul. E aí escancarou os erros cometidos, abrindo margem para fortes suspeitas de manipulação da pesquisa.
Foi o mais desgastante episódio na vida do instituto – que conquistou credibilidade nos anos 80 ao fazer o contraponto ao IBOPE.
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Datafolha e Ibope tentam suicídio
Por Eduardo Guimarães
Fiz um gráfico (acima) com a evolução de Dilma e de Serra nos diversos institutos de pesquisa a partir de janeiro. Escolhi o cenário com Ciro Gomes e Marina Silva na disputa, pois é o cenário mais noticiado pela mídia e tido como mais provável.
Ao dispor os números dessa forma, confirma-se, sem dúvidas, a tendência de subida de Dilma e queda de Serra ao longo deste ano. Mas não é só.
O gráfico também revela que o Datafolha e o Ibope vêm correndo atrás do Sensus e do Vox Populi. Tentam ir para outro lado, mas são arrastados na direção dos concorrentes.
Em dois momentos da linha de tempo que tracei, primeiro o Ibope e depois o Datafolha tentam abrir a boca do jacaré (forma como os estatísticos vêm chamando a convergência das linhas dos gráficos de evolução das pesquisas), sendo corrigidos um pelo outro ou pelos outros dois institutos, mais adiante.
Notem que, em dois momentos, o Ibope, primeiro, e o Datafolha depois aumentam os percentuais de Serra e deprimem os de Dilma, mas são obrigados a ir na direção que Sensus e Vox Populi vêm sinalizando de forma inequívoca.
Na pesquisa Ibope feita entre 6 e 9 de fevereiro, o Ibope inverte a tendência verificada entre as pesquisas Vox Populi e Sensus, feitas entre 14 e 29 de janeiro, mas só para ser corrigido pelo Datafolha em pesquisa feita entre 24 e 25 de fevereiro, pesquisa que mostra, de novo, Serra caindo e Dilma, subindo.
Mais adiante na linha do tempo, no período de 25 a 26 de março, é a vez do Datafolha de tentar abrir a boca do jacaré. Mas, agora, quem desmentira o Ibope – que teve que se adequar – é desmentido por Vox Populi e Sensus poucos dias depois da aparente fraude que pode ter tentado praticar.
O gráfico mostra, portanto, uma espantosa resistência do Datafolha e do Ibope aos fatos. Está mais do que claro que, deliberadamente, tentam abrir a boca do jacaré, mas acabam tendo que fechá-la mais adiante ao serem desmentidos por outras pesquisas.
O Datafolha está em campo fazendo nova pesquisa meros 15 dias depois da última. Esse é um fato inédito em pesquisas eleitorais depois do ineditismo maior, de esse instituto ter passado a atacar os concorrentes como nunca antes na história deste país.
Nestas minhas cinco décadas de vida, é a primeira vez que vejo duas empresas de renome, que deveriam visar a qualidade do que fazem nem que fosse visando lucros, cometerem suicídio. E com requintes de crueldade, diga-se.
Mas o mais impressionante em meu estudo foi a descoberta de que, apesar de o Ibope ter dado uma destoada fortíssima lá atrás, destoada que teve que corrigir mais adiante, depois do Datafolha, em sua segunda pesquisa do ano o instituto dos Frias ousou ainda mais.
Apesar de o Ibope ter forçado a barra nos números, manteve a tendência de Sensus e Vox Populi de subida de Dilma e queda ou estagnação de Serra, enquanto que o Datafolha ousou menos nos números mas inverteu a tendência dos outros três institutos, fazendo Dilma cair e Serra subir.
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Deputado do PSDB só aceita pesquisas do Ibope e Datafolha
Por Stanley Burburinho
Jutahy ironiza Sensus: “Sou que nem a Globo, só vejo Datafolha e Ibope”
Deu na coluna Raio Laser, da Tribuna: “Dos políticos mais ligados a José Serra no país, o baiano Jutahy Jr. (foto) ironizou ontem resultado do instituto Sensus que mostrava Dilma Rousseff próxima ao tucano. “Sou que nem a Rede Globo. Só me ligo nos resultados do Datafolha e do Ibope”, afirmou, lembrando que passou a não confiar nos resultados do
Vox Populi e do Sensus há muito depois dos números exibidos pelos dois institutos.”
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