Apoio de vereadores do DEM ao PT racha bancada do partido na Câmara de São Paulo
Carlos Apolinário e Milton Leite optaram pelo petista Mercadante, adversário de Alckmin
José Henrique Lopes, do R7
O apoio de dois vereadores à pré-candidatura do senador petista Aloizio Mercadante ao governo do Estado rachou a bancada do DEM na Câmara de São Paulo. O primeiro ato de uma briga que promete ainda esquentar foi a destituição de Carlos Apolinário da liderança do grupo, anunciada nesta quarta-feira (16).
Apolinário se reuniu na última segunda (14) com o próprio Mercadante para anunciar sua posição. O adversário do senador na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes é o tucano Geraldo Alckmin, que tem na chapa o DEM de Apolinário e do vereador Milton Leite, outro que resolveu apoiar o pré-candidato do PT.
Em entrevista ao R7, o agora ex-líder da bancada do DEM, partido do prefeito Gilberto Kassab, disse que optou por Mercadante porque um eventual governo do petista estaria mais comprometido com políticas direcionadas à população pobre do Estado. Apolinário citou como exemplo os oito anos de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
- Assim como o Brasil viveu uma nova experiência com Lula, eu quero que São Paulo viva uma nova experiência com Mercadante. Acredito que, com o Mercadante ganhando a eleição, a política social do Lula será feita aqui também.
O vereador revelou que “o modelo de gestão” do PSDB, no governo paulista há 16 anos, não o agrada. Segundo ele, um governador não pode ser apenas “um gerente”.
- Ele tem que gerenciar o governo, mas ao mesmo tempo tem de ter uma preocupação social.
A declaração de apoio, entretanto, pode custar caro. Além de perder a liderança da bancada, Apolinário corre o risco de ser expulso do DEM. Ele reconheceu que existe a ameaça, mas prometeu se defender.
- O partido vai ter de se explicar. O governo e os vereadores têm que tomar uma posição, se me querem no governo ou na oposição. A partir do momento que me tiram a liderança e ameaçam com a expulsão, eu passo a ficar livre para me comportar como oposição.
A bancada do DEM na Câmara tem sete integrantes. Ontem, quatro deles se reuniram e decidiram trocar a liderança. O substituto é Marco Aurélio Cunha, que cumpre seu primeiro mandato como vereador. Segundo ele, Apolinário foi tirado do posto porque, ao anunciar apoio a Mercadante, adotou uma postura que não reflete as opiniões dos colegas.
- Cada um tem sua posição para definir voto, mas quando você é líder deve pensar com os outros. Se o líder pensa em minoria, não é mais líder. É um raciocínio matemático. Ele pensa diferente da maioria, então não pode ser líder.
Além de Cunha, votaram pela saída de Apolinário os vereadores Domingos Dissei, Marta Costa e Ushitaro Kamia. Do outro lado ficaram Apolinário, Milton Leite e Sandra Tadeu, que disse não ter sido procurada para participar da reunião.
- Fiquei sabendo disso [da troca na liderança] aqui, por meio dos colegas. Em nenhum momento fui consultada.
Sandra afirmou que, como não foi chamada, está desobrigada a reconhecer a nova configuração da bancada. Além disso, prometeu levar o assunto a Kassab, com quem tem uma audiência nesta quinta-feira (17).
- Não sei nem o que dizer, estou estarrecida. Não tenho uma posição, mas tinha que participar [do encontro]. Como não fui chamada, não considero o novo líder.
Marco Aurélio Cunha reconheceu que, por causa das decisões de Apolinário e Leite, terá de lidar com uma divisão na bancada.
- Não há nenhum problema em ter racha. Racha você tem até em casa, é temporário. A vida é feita de rachas, se fosse tudo igual não haveria debate.
Procurado pela reportagem em seu gabinete, o vereador Milton Leite disse, por meio de assessores, que não comentaria o assunto.
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