9 de junho de 2010

Um (importantissimo) teste para o Brasil


Por Eduardo Guimarães

Não é brinquedo o tamanho do desafio que o Brasil tem pela frente neste ano. Resistir a esse incessante bombardeio pró-Serra da mídia será um gigantesco desafio para a capacidade deste povo de saber decidir seu destino.

O recém-anunciado crescimento da economia no primeiro trimestre – que, anualizado, redunda na taxa chinesa de mais de 11% ao ano –, os sucessivos recordes de geração de empregos formais, a expressiva redução da pobreza e da miséria, a projeção do Brasil no mundo que contrasta com uma história de má imagem internacional do país, tudo isso deveria tornar praticamente impossível que os brasileiros votassem no candidato da oposição.

Não se trata de propaganda política ou de uma afirmação idiossincrática do simpatizante de um partido, mas de fatos incontestáveis. Ninguém, em sã consciência, não sendo militante da oposição, poderia repudiar a continuidade de um governo sob o qual o Brasil obteve tantos êxitos baseando-se no argumento débil de que os sucessos atuais são mérito do governo anterior, sob o qual os brasileiros comeram o pão que o diabo amassou, porque o sucesso de hoje teria sido semeado àquela época.

Basta um pouquinho só de memória para lembrar que os tucanos diziam que o emprego formal (com registro em carteira) estava condenado à extinção e que para criar empregos só restaria ao Brasil eliminar direitos trabalhistas. Só isso já bastaria para definir o voto de qualquer cidadão bom dos miolos.

Contudo, devido à aliança entre a grande mídia, o PSDB e a elite que concentrou a renda no Brasil ao ponto de torná-lo, até o início do século, o quinto país mais desigual do mundo, perdendo em injustiça social somente para republiquetas africanas miseráveis, sempre resta uma dúvida quanto à inevitabilidade de o país optar pela continuidade de seu atual governo.

Esse bando de vigaristas, trapaceiros, mentirosos, mistificadores e racistas da imprensa golpista que vendeu suas almas a essas cinco mil famílias que ficam com trinta por cento da riqueza nacional e que controlam todas as televisões, rádios, os maiores jornais, revistas e portais de internet tem um poder de manipulação que não pode ser desprezado.

Há algumas semanas, participei da fundação do Centro de Estudos da Mídia Barão de Itararé e, ali, assisti a uma excelente palestra do jornalista Paulo Henrique Amorim, na qual ele revelou um dado que, nas palavras dele, mostra bem “o tamanho do problema” que é a mídia brasileira: se listarmos os dez programas de televisão de maior audiência do mundo os dez serão da Globo, simplesmente porque esta tem um tamanho inusitado em qualquer outro país. Ou seja: nem nos EUA há um monopólio como o da família Marinho.

Não é brinquedo, portanto, o tamanho do desafio que o Brasil tem pela frente neste ano. Resistir a esse incessante bombardeio pró-Serra da mídia será um gigantesco desafio para a capacidade deste povo de saber decidir seu destino – e é disso que se trata, pois Serra é o candidato daquelas cinco mil famílias para interromper a distribuição de renda que, para elas, está permitindo a essa “gentalha” sentir-se como “gente de verdade” e, vejam só, consumir, estudar, progredir.

Globos, Vejas, Folhas, Estadões, seus asseclas midiáticos e seus leões-de-chácara ditos colunistas e comentaristas irão aumentando ao impensável as suas embromações, mentiras, calúnias, invenções e mistificações até a eleição, visando ludibriar um país inteiro.

Em 2002 e em 2006, eles falharam. Mas a memória de quão ruins foram os dois governos FHC estava “quente”, digamos assim. Após oito anos e não sendo Lula o candidato a barrar a volta dessa bandidagem ao poder, dá um frio na barriga. O país corre, portanto, o risco de cair de novo nas garras daqueles que fizeram dele o quinto mais injusto do mundo, até quando a direita estava no poder.

Mas, por outro lado, não faltam elementos para que a grande maioria dos brasileiros decida corretamente. Seria uma loucura o Brasil colocar de novo no poder aqueles que o dilapidaram, arruinaram, desmoralizaram por tanto tempo. Se este povo fizer isso, portanto, merecerá o sofrimento que advirá de uma decisão tão absurda. E, mais uma vez, o Brasil continuará sendo o país do futuro, adiando, de novo, seu ingresso no mundo civilizado.

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