23 de junho de 2010

Pesquisa Ibope/CNI: Dilma (40%) passa Serra (35%)

Do blog Tijolaço, do deputado Brizola Neto

O Ibope, enfim, chegou lá. Depois de manobras de contorcionismo para negar a vantagem de Dilma, já apontada por outras sondagens, o instituto finalmente teve que se curvar às evidências.

Na pesquisa CNI-Ibope que acaba de ser divulgada, Dilma Roussef aparece com 40% das intenções de voto para Presidente, contra 35% de José Serra e 9% de Marina Silva. Na última pesquisa, divulgada no último dia 5, havia empate de 37% entre os dois candidatos, embora tudo já indicasse que Dilma estivesse na dianteira.

A pesquisa foi feita de 20 a 22 desse mês em 141 municípios com 2.002 eleitores, depois que Serra, ferindo a lei, apareceu como estrela principal nos programas do DEM e do PPS. O programa partidário do PSDB também contribuiu para uma maior exposição de Serra, mas nada disso teve efeito.

O Ibope já sabia muito bem do crescimento de Dilma e isso vinha levando seu presidente Carlos Augusto Montenegro a mudar de opinião constantemente. Ele, que já havia dito que Lula não faria seu sucessor e que Serra era o favorito, teve que amenizar o discurso e reconhecer no início desse mês que a eleição poderia ser decidida no primeiro turno, a favor de Dilma ou Serra. Foi só para não passar recibo de suas previsões de torcedor. Em breve, ele terá que apontar Dilma como a única capaz de vencer no primeiro turno.

Ibope: "Na espontânea, Dilma ganha apertado de... Lula!

Agora que tive acesso a outras informações da pesquisa CNI-Ibope, vi que a vantagem de Dilma é ainda maior que a inicialmente apresentada e um dado impressionante. Na pesquisa espontânea, aquela em que não é apresentada uma lista com o nome dos candidatos, Dilma lidera com 22%, seguida por Lula, que não pode ser candidato, com 20%.

Ou seja, tem gente que ainda não sabe que Lula não pode concorrer e quando descobrir isso irá transferir seu voto para o candidato de Lula. Dilma teria, então, 42% contra 16% de Serra.

A coça também começa a se esboçar na pesquisa que inclui o nome de todos os candidatos já lançados. Dilma tem seis pontos de vantagem sobre Serra, com 38,2%, contra 32,3% do tucano, e 7% de Marina. A vantagem de 40% a 35% que divulgamos antes se refere à pergunta em que apenas os nomes dos três principais candidatos são apresentados ao eleitor. Nesse caso, Marina tem 9%.

PS: Houve dúvida sobre estes valores e fui conferir. Está no Estadão também.

18 de junho de 2010

O racha do DEM em São Paulo


Apoio de vereadores do DEM ao PT racha bancada do partido na Câmara de São Paulo

Carlos Apolinário e Milton Leite optaram pelo petista Mercadante, adversário de Alckmin

José Henrique Lopes, do R7

O apoio de dois vereadores à pré-candidatura do senador petista Aloizio Mercadante ao governo do Estado rachou a bancada do DEM na Câmara de São Paulo. O primeiro ato de uma briga que promete ainda esquentar foi a destituição de Carlos Apolinário da liderança do grupo, anunciada nesta quarta-feira (16).

Apolinário se reuniu na última segunda (14) com o próprio Mercadante para anunciar sua posição. O adversário do senador na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes é o tucano Geraldo Alckmin, que tem na chapa o DEM de Apolinário e do vereador Milton Leite, outro que resolveu apoiar o pré-candidato do PT.

Em entrevista ao R7, o agora ex-líder da bancada do DEM, partido do prefeito Gilberto Kassab, disse que optou por Mercadante porque um eventual governo do petista estaria mais comprometido com políticas direcionadas à população pobre do Estado. Apolinário citou como exemplo os oito anos de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

- Assim como o Brasil viveu uma nova experiência com Lula, eu quero que São Paulo viva uma nova experiência com Mercadante. Acredito que, com o Mercadante ganhando a eleição, a política social do Lula será feita aqui também.

O vereador revelou que “o modelo de gestão” do PSDB, no governo paulista há 16 anos, não o agrada. Segundo ele, um governador não pode ser apenas “um gerente”.

- Ele tem que gerenciar o governo, mas ao mesmo tempo tem de ter uma preocupação social.

A declaração de apoio, entretanto, pode custar caro. Além de perder a liderança da bancada, Apolinário corre o risco de ser expulso do DEM. Ele reconheceu que existe a ameaça, mas prometeu se defender.

- O partido vai ter de se explicar. O governo e os vereadores têm que tomar uma posição, se me querem no governo ou na oposição. A partir do momento que me tiram a liderança e ameaçam com a expulsão, eu passo a ficar livre para me comportar como oposição.

A bancada do DEM na Câmara tem sete integrantes. Ontem, quatro deles se reuniram e decidiram trocar a liderança. O substituto é Marco Aurélio Cunha, que cumpre seu primeiro mandato como vereador. Segundo ele, Apolinário foi tirado do posto porque, ao anunciar apoio a Mercadante, adotou uma postura que não reflete as opiniões dos colegas.

- Cada um tem sua posição para definir voto, mas quando você é líder deve pensar com os outros. Se o líder pensa em minoria, não é mais líder. É um raciocínio matemático. Ele pensa diferente da maioria, então não pode ser líder.

Além de Cunha, votaram pela saída de Apolinário os vereadores Domingos Dissei, Marta Costa e Ushitaro Kamia. Do outro lado ficaram Apolinário, Milton Leite e Sandra Tadeu, que disse não ter sido procurada para participar da reunião.

- Fiquei sabendo disso [da troca na liderança] aqui, por meio dos colegas. Em nenhum momento fui consultada.

Sandra afirmou que, como não foi chamada, está desobrigada a reconhecer a nova configuração da bancada. Além disso, prometeu levar o assunto a Kassab, com quem tem uma audiência nesta quinta-feira (17).

- Não sei nem o que dizer, estou estarrecida. Não tenho uma posição, mas tinha que participar [do encontro]. Como não fui chamada, não considero o novo líder.

Marco Aurélio Cunha reconheceu que, por causa das decisões de Apolinário e Leite, terá de lidar com uma divisão na bancada.

- Não há nenhum problema em ter racha. Racha você tem até em casa, é temporário. A vida é feita de rachas, se fosse tudo igual não haveria debate.

Procurado pela reportagem em seu gabinete, o vereador Milton Leite disse, por meio de assessores, que não comentaria o assunto.

15 de junho de 2010

Para onde vai São paulo? (Tucanos enterraram o estado)


Por Márcio Pochmann, com comentários de Paulo Henrique Amorim

O esforço governamental (estado de São Paulo) para expansão e integração da infraestrutura urbana e social poderia estimular decisivamente a economia.

A estabilidade monetária alcançada a partir do Plano Real, em 1994, abriu nova perspectiva para que o Estado de São Paulo voltasse a protagonizar novo ciclo de expansão econômica e social, já que respondia por quase 37% da população ocupada não pobre do país. Para isso, contudo, deveria impulsionar, em bases inovadoras, a sua estrutura produtiva, especialmente industrial, com a finalidade de potencializar o avanço das fontes contemporâneas de riqueza, cada vez mais presentes no interior do setor terciário da economia.

Esse processo de modernização constituiria peça fundamental na promoção e difusão do conhecimento, ou seja, a educação, as tecnologias de informação e comunicação e o trabalho imaterial como o esteio central da geração da riqueza e do bem-estar social (no estado).

Paralelamente, o esforço governamental (estado de SP) voltado à expansão e integração da infraestrutura urbana e social poderia estimular decisivamente a economia de serviços para o crescente atendimento da demanda interna e externa. As decisões governamentais (dos tucanos do estado) que poderiam operar como faróis a iluminar o futuro foram sendo transformadas em lanternas de freio a clarear o passado.

Pelas informações geradas pelo IBGE para a contabilidade dos Estados brasileiros, verifica-se o retrocesso paulista na fase recente da estabilidade monetária alcançada pelo país. O setor industrial paulista regrediu de 43% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional em 1996 para menos de 35% em 2007.

No mesmo sentido, o setor da construção civil teve sua participação relativa diminuída de 37% para 27% no mesmo período de tempo, assim como no caso do setor produtor e distribuidor de eletricidade e gás, de água e esgoto e de limpeza (de 45% para 27%); do comércio (de 41% para 33%); da administração pública (de 21% para 19%); e de serviços (de 35% para 34%).

Apesar dessas quedas relativas na participação econômica do Estado de São Paulo na produção nacional, percebe-se que houve crescimento do peso paulista em outros setores, não necessariamente estimulantes em termos da construção exitosa do seu futuro.

O setor da agropecuária ampliou sua participação de 8,6%, em 1996, para 11,7%, em 2007, e o de intermediação financeira teve ampliação de 49,9% para 51,4% no mesmo período de tempo. Mesmo reconhecendo a importância dos setores agropecuários e financeiros, sabe-se que eles não são suficientes para contribuir decisivamente na construção de uma sociedade superior.

O que se verifica, inclusive, são sinais de decadência, com a queda da importância relativa de São Paulo na economia nacional, de quase 36% em 1996 para 33% em 2007, e a queda da importância paulista no conjunto da população brasileira não pobre, de 37% para menos de 32%. Ademais, observa-se que as escolhas governamentais mais recentes (dos tucanos) apostam mais no passado do que no futuro.

Em geral, a trajetória do desenvolvimento capitalista tem sido a evolução da sociedade agrária para a sociedade urbano-industrial, e desta para a pós-industrial.

No caso paulista, entretanto, constata-se a sinalização de interrupção na passagem da sociedade industrial para o pós-industrial, com importante retorno ao velho agrarismo.

O setor agropecuário gera riqueza empregando cada vez menos mão de obra, enquanto a intermediação financeira opera com crescente tecnologia de informação poupadora de força de trabalho, o que compromete o futuro de inclusão e coesão social paulista.


MARCIO POCHMANN, economista, é presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e professor licenciado do Instituto de Economia e do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Unicamp. Foi secretário do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade da Prefeitura de São Paulo.

Os brasileiros e o voto anti-paulista

O Conversa Afiada sempre sustentou que o Vesgo do Pânico tem mais chance de ser Presidente que o Datena, quer dizer, que o José Serra.

Porque o Conversa sempre acreditou que o brasileiro não elegerá um paulista Presidente da República tão cedo.

O PiG (*), dominado por São Paulo e pelo Globope de São Paulo, jamais ousaria manter uma discussão sobre o problema da Federação.

O brasileiro (a Federação) cansou da hegemonia de São Paulo, para São Paulo.

Como diz o sábio Fernando Lyra, “São Paulo não pensa o Brasil”.

O Conversa Afiada sempre sustentou que uma das manifestações de sabedoria do Presidente Lula foi desconcentrar o investimento público.

Foi esse o papel de Lula na memorável vitória do Rio nas Olimpíadas de 2016 – como percebeu o Conversa Afiada.

Uma vitória que a elite (separatista) de São Paulo não engole até hoje (**).

Sobre a desconcentração econômica, o Conversa Afiada já afirmou que Pernambuco é a nova locomotiva do Brasil.

Agora, finalmente, na imprensa do PiG (*), surge uma jornalista que põe a questão no devido lugar e explica por que o Vesgo tem mais chance do que o Serra (ou será o Datena ?).

É o artigo de Maria Inês Nassif, no Valor, e que o Vermelho destacou:: “O voto anti-paulista”.

“ … Serra carregará o carimbo de origem para os palanques das outras unidades federativas no momento em que a aversão à política paulista se generaliza.”

“Uma das lógicas de Lula, ao escolher sua candidata, é a de tirar a sucessão do circuito de poder do PT paulista. PSDB e PT de São Paulo dividem não apenas as antipatias dos políticos dos outros estados, mas do eleitorado não paulista.

“Na hora em que saiu da disputa … Aécio já tinha montado, em Minas, um cenário francamente contrário a uma candidatura paulista.”

“Mesmo que Aécio não mova um dedo contra Serra … e até faça uns discursinhos a favor, dificilmente o governador (Serra) conseguirá desfazer o que está feito: o ambiente em Minas é francamente contra São Paulo”.

“ … Serra é a configuração da hegemonia política desse Estado (São Paulo) sobre os demais”.

“Um movimento eleitoral de aversão a um grupo hegemônico é um indicador poderoso de um fim de ciclo.”

Maria Nassif, aí, mostra como São Paulo, quando ainda era Grande Potência econômica, acumulou o poder político.

Acontece que …

“Esse poder (de São Paulo) … não sobreviveu a um período (Governo Lula – PHA) em que ocorreu um movimento mais forte de desconcentração, não apenas na distribuição de renda a indivíduos, via programas de transferência, mas da descentralização do investimento publico. Um projeto de desenvolvimento menos regionalizado pós-Real … O país vive esse momento de transição, vem corroendo a solida hegemonia que comandou o paíscom todos os ressentimentos dos que perderam no período anterior (Governo FHC – PHA) embutidos na conta a ser paga pelo grupo ainda hegemônico”.

Ou seja, o Vesgo do Pânico…

Em tempo: ao longo desse magistral artigo, Maria Inês Nassif, que, se não me engano, é mineira, se esqueceu de incluir o Rio de Janeiro na conta dos que vão desmontar a hegemonia anti-nacional dos tucanos de São Paulo. No Rio, caríssima Maria Inês, nem a urubóloga Miriam Leitão vota no Serra (ela é Marina).

Paulo Henrique Amorim

13 de junho de 2010

Jornalistas do PiG: Mary Zaidan (O Globo)

Todo o ódio da imprensa golpista contra o Governo Lula


Lula e Dunga

Por Mary Zaidan (O Globo)

O Brasil que estréia na terça-feira na África do Sul tem sido alvo de todo tipo de crítica. São poucos os que, de alma e coração abertos, se entusiasmam com esta seleção verde-amarela. Paira no ar um clima estranho de quase unanimidade, só que contra. Mas até o zangado Dunga, xingado e mal tratado pela maioria, tem sabido lidar melhor com as vozes discordantes do que o presidente Lula e seus fanáticos torcedores. E olha que Lula tem quase unanimidade a favor.

O ambiente é de absoluta intolerância. Aqueles que ousam simplesmente relatar fatos adversos ou apontar erros do presidente e de sua candidata Dilma Rousseff são tratados como antipatrióticos, inimigos da nação. Contraditar, contrapor, criticar é crime. Denúncia, então, por maiores que sejam os malfeitos, nem pensar. E olha que Lula tem quase unanimidade a favor.

Mas Lula parece não se contentar com a quase unanimidade. Quer mais e a qualquer preço. Nem que para tal tenha de mentir, inventar verdades, falsear, instigar e incitar o ódio contra a minoria. E o faz sem qualquer constrangimento. Quando fere a lei convence os seus torcedores que o erro não é dele, mas da lei; quando é pego na boca da botija, como na confissão de caixa 2 do seu então marqueteiro Duda Mendonça, socializa o prejuízo.

Qualquer flagrante dos pecados de Lula, de seus asseclas ou de sua candidata é uma ação orquestrada e golpista, não raro produzida nas redações dos grandes jornais, na TV Globo, em alguns blogs taxados de “vendidos”, ou na revista Veja.

Ainda que irracional, até se compreenderia – com algum desconto pela infantilidade - se os torcedores de Lula atirassem seus petardos nos donos das empresas jornalísticas. Mas, cegos e tacanhos, agridem os jornalistas que nelas trabalham. Talvez não saibam ou fingem não saber, que os grandes expoentes da comunicação de Lula e da campanha de Dilma, aprenderam, cresceram e, até pouco tempo atrás, brilharam no que eles chamam de mídia golpista.

Exemplos não faltam. Pela cartilha do fanatismo lulista, a culpa pela contratação de arapongas para preparar um dossiê capaz de eliminar rivais internos da campanha petista e bombardear o principal opositor não é dos agentes da própria campanha, mas da Veja, do jornal O Estado de S. Paulo, da Folha de S. Paulo, de O Globo, do Blog do Noblat. Critica-se a denúncia, os jornalistas que denunciaram, e pronto, tudo resolvido.

No máximo, os envolvidos na trapalhada de agora serão chamados, carinhosamente, de aloprados, alcunha criada por Lula para os negociadores do dossiê de 2006. Registre-se que mesmo com fotos policiais da dinheirama, os aloprados daquela época - um deles unha e carne do senador e candidato do PT ao governo de São Paulo, Aloízio Mercadante – continuam livres, leves e soltos. Como carregam a credencial da quase unanimidade de Lula, eles serão, para sempre, apenas aloprados. E final de conversa.

Cumpre-se com rigor a regra máxima inaugurada pelo quase unânime governo Lula: perdão absoluto para os amigos do peito e os de ocasião, como os senadores José Sarney e Fernando Collor - primeiro e único presidente da República deposto pelo povo -, e de tolerância zero para a minoria incômoda que até parece não ser tão pequena quanto dizem, visto o nível de agressividade que a ela se dedica.

No avesso de suas unanimidades, o popularíssimo Lula e o antipopular Dunga têm muito em comum. Um tem até a chance de repetir a histórica frase de Zagalo - “vocês vão ter de me engolir”. Pode trazer o hexa, obrigando o mea-culpa dos críticos. O outro só admite a vitória e nem imagina o que dizer se a derrota o surpreender. Façam as suas apostas.

Mary Zaidan é jornalista. Trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas em duas campanhas e ao longo de todo o seu período no Palácio dos Bandeirantes. Há cinco anos coordena o atendimento da área pública da agência 'Lu Fernandes Comunicação e Imprensa.

10 de junho de 2010

Serra parou no tempo (ainda em 2002)


Por Paulo Henrique Amorim

Nesses momentos de crise (dos tucanos) gosto de recorrer aos sábios.

Hoje, por exemplo, depois de contemplar a mistura de lambança com baixaria em que se transformou o problema do “dossiê do dossiê do dossiê anti-Serra” – clique aqui para ler “Não se deve perder o foco: o problema é a relação Serra/Dantas” e aqui para votar em trepidante enquete - liguei para o Vasco Moscoso de Aragão, navegante de longo curso.

- E o dossiê, Vasco, o que você acha disso ?, perguntei.

- Não existe dossiê, respondeu ele, seco.

- Como não existe dossiê ? O PiG (*) só fala nisso.

- Não existe dossiê, o Vasco insistiu, seco. O que existe é um livro.

- Sim, o livro do Amaury Jr. (clique aqui para ler sobre o “livro que fala de Dantas e Serra e aloprou o Serra”).

- Pois é, disse o Vasco. Tem um livro para sair. O resto é bobagem.

- Mas, como é que o Serra foi cair nessa, contratar o Itagiba de novo ?, disse eu.

- É a turma que ele conhece. Os mesmos de sempre.

- Ele podia, pelo menos, renovar o elenco, ponderei.

- Mas, ele envelheceu, meu filho. Sei o que é isso.

- Como assim ? Ele é um jovem, perguntei.

- Você não entende. Ele parou em 2002.

- Quando ele perdeu para o Lula, disse eu.

- Perdeu, não. Tomou uma surra.

- Sim, mas, depois ele foi prefeito, governador.

- Isso não tem a menor importância. Na cabeça dele ele ganhou a eleição em 2002 e parou lá, disse Vasco.

- Mas isso é uma loucura, respondi.

- Pois é, ele parou em 2002 e espera tomar posse até hoje.

- É o que eu chamo de “presidente eleito”.

- Ele se considera um presidente à espera da solenidade de posse. E o mundo parou lá. Ele envelheceu na cabeça, nos métodos, nos aliados, na tecnologia.

- Isso é muito grave.

- Ele não viu o Brasil passar na frente dele. Não viu o mundo mudar, a crise do Império, não sabe onde fica a Turquia.

- Mas ele faz twitter.

- Isso não interessa. Todos os meus bisnetos tuitam,

- Bom, e também nas idéias. Ele não tem uma idéia nova.

- Ele continua a falar de câmbio, juros. Isso era problema em 2002. Ele não tem noção do que o Lula fez. Não tem noção, como diz a minha bisneta.

- Quer dizer então que ele envelheceu na cabeça.

- Além de ter feito o um governo desastroso em São Paulo.

- Desastroso ?, perguntei.

- Me diga uma coisa que o Serra fez em São Paulo. Uma !

Pano rápido.



Paulo Henrique Amorim

9 de junho de 2010

Livro desnuda a relação de Serra com Dantas. É por isso que Serra se aloprou

Ricardo Sergio de Oliveira


O Conversa Afiada recebeu de amigo navegante mineiro o texto que serve de introdução ao livro “Os porões da privataria” de Amaury Ribeiro Jr., que será lançado logo depois da Copa, em capítulos, na internet.

Vai desembarcar na eleição.

É um trabalho de dez anos de Amaury Ribeiro Jr, que começou quando ele era do Globo e se aprofundou com uma reportagem na IstoÉ sobre a CPI do Banestado.

Não são documentos obtidos com espionagem – como quer fazer crer o PiG (*), na feroz defesa de Serra.

É o resultado de um trabalho minucioso, em cima de documentos oficiais e de fé pública.

Um dos documentos Amaury Ribeiro obteve depois de a Justiça lhe conceder “exceção da verdade”, num processo que Ricardo Sergio de Oliveira move contra ele. E perdeu.

O processo onde se encontram muitos documentos foi emcaminhado à Justiça pelo notável tucano Antero Paes e Barros e pelo relator da CPI do Banestado, o petista José Mentor.

Amaury mostra, pela primeira vez, a prova concreta de como, quanto e onde Ricardo Sergio recebeu pela privatização.

Num outro documento, aparece o ex-sócio de Serra e primo de Serra, Gregório Marin Preciado no ato de pagar mais de US$ 10 milhões a uma empresa de Ricardo Sergio.

As relações entre o genro de Serra e o banqueiro Daniel Dantas estão esmiuçadas de forma exaustiva nos documentos a que Amaury teve acesso. O escritório de lavagem de dinheiro Citco Building, nas Ilhas Virgens britânicas, um paraíso fiscal, abrigava a conta de todo o alto tucanato que participou da privataria.

Não foi a Dilma quem falou da empresa da filha do Serra com a irmã do Dantas. Foi o Conversa Afiada.
Que dedica a essa assunto – Serra com Dantas – uma especial atenção.

Leia a introdução ao livro que aloprou o Serra:

Os porões da privataria

O dossiê do dossiê do dossiê…


Por Leandro Fortes, na Carta Capital

No modorrento feriado de Corpus Christi, os leitores dos jornais foram inundados com informações sobre uma trama que envolveria a fabricação de dossiês contra o candidato tucano à Presidência, José Serra, produzidos por gente ligada ao comitê da adversária Dilma Rousseff. O time de espiões teria sido montado pelo jornalista Luiz Lanzetta, dono da agência Lanza, responsável pela contratação de funcionários para a área de comunicação da campanha petista. O primeiro desses documentos seria um relatório sobre as ligações de Verônica Serra, filha do candidato do PSDB, com Verônica Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity. Uma história tão antiga quanto os dinossauros e já relatada inúmeras vezes na última década, inclusive por CartaCapital.

A notícia sobre o suposto dossiê, que ninguém sabe dizer se existe de fato, veio a público em uma reportagem confusa da revista Veja e ganhou lentamente as páginas dos jornais durante a semana até ser brindada com uma forte rea-ção do PSDB e de Serra. Na quarta-feira 2, o pré-candidato tucano acusou Dilma Rousseff de estar por trás da “baixaria” e cobrou explicações. A petista disse que a acusação era uma “falsidade” e o presidente do partido, José Eduardo Dutra, informou que a cúpula da legenda havia decidido interpelar Serra na Justiça por conta das declarações.

Os boatos sobre a fábrica de dossiês parecem ser fruto de uma disputa interna entre dois grupos petistas interessados em comandar a estrutura de comunicação da campanha de Dilma Rousseff, um ligado a Lanzetta, outro ao deputado estadual Rui Falcão. A origem dessa confusão era, porém, desconhecida do público, até agora. CartaCapital teve acesso a parte do tal “dossiê” que gerou toda essa especulação. Trata-se, na verdade, de um livro ainda não publicado com 14 capítulos intitulado Os Porões da Privataria, do jornalista Amaury Ribeiro Jr.

O livro descreve com minúcias o que seria a participação de Serra e aliados tucanos nos bastidores das privatizações durante os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso. É um arrazoado cujo conteúdo seria particularmente constrangedor para o pré-candidato e outros tantos tucanos poderosos dos anos FHC. Entre os investigados por Ribeiro Jr. estão também três parentes de Serra: a filha Verônica, o genro Alexandre Bourgeois e o primo Gregório Marin Preciado. Está sendo produzido há cerca de dois anos e nada tem a ver com a suposta intenção petista de fabricar acusações contra o adversário.

É essa a origem das informações sobre a existência do tal “dossiê” contra a filha de Serra. E a razão de os tucanos terem lançado um ataque preventivo às informações que constam do livro. De fato, Ribeiro Jr. dedicou-se a apurar os negócios de Verônica. Repórter experiente com passagens em várias redações da imprensa brasileira, Ribeiro Jr. iniciou as apurações a pedido do seu último empregador, o Grupo Diá-rios Associados, que congrega, entre outros, os jornais Correio Braziliense e O Estado de Minas. O livro narra, por exemplo, supostos benefícios obtidos por Marin Preciado em instituições financeiras públicas, entre elas o Banco do Brasil, na época em que outro ex-tesoureiro de Serra, Ricardo Sérgio de Oliveira, trabalhava lá. Para quem não se lembra, Oliveira ficou famoso após a divulgação de sua famosa frase “no limite da irresponsabilidade” no conjunto dos grampos do BNDES.

Em uma entrevista que será usada como peça de divulgação do livro e à qual CartaCapital teve acesso, Ribeiro Jr. afirma que a investigação que desaguou no livro começou há dois anos. À época, explica, havia uma movimentação, atribuída ao deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ), visceralmente ligado a Serra, para usar arapongas e investigar a vida do governador tucano Aécio Neves, de Minas Gerais. Justamente quando Aécio disputava a indicação como candidato à Presidência pelos tucanos. “O interesse suposto seria o de flagrar o adversário de Serra em situações escabrosas ou escândalos para tirá-lo do páreo”, diz o jornalista. “Entrei em campo, pelo outro lado, para averiguar o lado mais sombrio das privatizações, propinas, lavagem de dinheiro e sumiço de dinheiro público.”

A ligação feita entre o nome de Ribeiro Jr. e o anunciado esquema de espionagem do comitê de Dilma deveu-se a um encontro entre ele e Lanzetta, em Brasília, no qual se especulou sobre sua contratação para a equipe de comunicação da campanha petista. Vencedor de três prêmios Esso e quatro prêmios Vladimir Herzog, entre muitos outros, Ribeiro Jr., 47 anos, é conhecido por desencavar boas histórias. Herdeiro de uma pizzaria e uma fazenda em Campo Grande (MS) e ocupado com a finalização do livro, o jornalista recusou o convite.

Na entrevista de divulgação do livro, Ribeiro Jr. afirma que a obra estabelece a ligação de diversos tucanos com as privatizações e desnuda inúmeras ações com empresas offshore para fazer entrar no Brasil dinheiro oriundo de paraísos fiscais. “São operações complicadas e necessitam ser explicadas com cuidado para os brasileiros perceberem o quanto foram lesados e em quanto mais poderão ser.”

A aproximação entre Ribeiro Jr. e Lanzetta, contudo, teria sido suficiente para que grupos interessados em ganhar espaço na campanha petista desencadeassem uma onda de boatos sobre a formação de um time de contraespionagem para produzir dossiês contra os tucanos. Diante do precedente dos “aloprados” do PT, a mídia embarcou com entusiasmo na versão depois assumida com tanto vigor pelos próceres tucanos. É mais um não fato da campanha.

O mesmo fenômeno envolveu o ex–delegado federal Onésimo de Souza, especialista em contraespionagem que chegou a oferecer serviços ao PT de vigilância e rastreamento de escutas telefônicas. Como cobrou caro demais, acabou descartado, mas foi apontado como futuro integrante da tal equipe de arapongas de Dilma Rousseff.

Por ordem da pré-candidata, qualquer assunto relativo a dossiê e afins está proibido no comitê de campanha instalado numa casa do Lago Sul de Brasília. Dilma se diz “estarrecida” com as acusações veiculadas, primeiro, na revista Veja e, em seguida, por diversos outros veículos – sempre com foco na suposta espionagem, nunca no conteúdo do suposto dossiê. Aos auxiliares, a petista mandou avisar que não aceitará, “em hipótese alguma”, a confecção de dossiês durante a campanha e demitirá sumariamente quem se envolver com tal expediente.

Queremos o livro do Amaury Ribeiro Jr. sobre a privataria tucana. Na íntegra.

Do blog do Mello

O tal dossiê que certos setores do PT estariam criando sobre Serra, na verdade é um livro que ainda não foi publicado, com 14 capítulos, intitulado Os Porões da Privataria, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., e começou como uma vacina de Aécio Neves contra o próprio Serra. Ou seja, nasceu em ninho tucano.

Em artigo publicado na Carta Capital (que deve ser lido na íntegra), o jornalista Leandro Fortes explica:

Em uma entrevista que será usada como peça de divulgação do livro e à qual CartaCapital teve acesso, Ribeiro Jr. afirma que a investigação que desaguou no livro começou há dois anos. À época, explica, havia uma movimentação, atribuída ao deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ), visceralmente ligado a Serra, para usar arapongas e investigar a vida do governador tucano Aécio Neves, de Minas Gerais. Justamente quando Aécio disputava a indicação como candidato à Presidência pelos tucanos. “O interesse suposto seria o de flagrar o adversário de Serra em situações escabrosas ou escândalos para tirá-lo do páreo”, diz o jornalista. “Entrei em campo, pelo outro lado, para averiguar o lado mais sombrio das privatizações, propinas, lavagem de dinheiro e sumiço de dinheiro público.”


O autor do livro (e não dossiê) é um jornalista com vários Prêmios Esso e Vladimir Herzog, nada a ver com nenhum “aloprado”, muito menos do PT. Pela introdução, que li publicada no ConversaAfiada do PHA, dá pra perceber que não deve sobrar Serra sobre Serra.

Queremos o livro. E uma entrevista com o autor. Por que ninguém entrevista o Amaury?

Vejam a Introdução e digam se tenho ou não razão:


Os porões da privataria

Quem recebeu e quem pagou propina. Quem enriqueceu na função pública. Quem usou o poder para jogar dinheiro público na ciranda da privataria. Quem obteve perdões escandalosos de bancos públicos. Quem assistiu os parentes movimentarem milhões em paraísos fiscais. Um livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr., que trabalhou nas mais importantes redações do país, tornando-se um especialista na investigação de crimes de lavagem do dinheiro, vai descrever os porões da privatização da era FHC. Seus personagens pensaram ou pilotaram o processo de venda das empresas estatais. Ou se aproveitaram do processo. Ribeiro Jr. promete mostrar, além disso, como ter parentes ou amigos no alto tucanato ajudou a construir fortunas. Entre as figuras de destaque da narrativa estão o ex-tesoureiro de campanhas de José Serra e Fernando Henrique Cardoso, Ricardo Sérgio de Oliveira, o próprio Serra e três dos seus parentes: a filha Verônica Serra, o genro Alexandre Bourgeois e o primo Gregório Marin Preciado. Todos eles, afirma, tem o que explicar ao Brasil.

Ribeiro Jr. vai detalhar, por exemplo, as ligações perigosas de José Serra com seu clã. A começar por seu primo Gregório Marín Preciado, casado com a prima do ex-governador Vicência Talan Marín. Além de primos, os dois foram sócios. O “Espanhol”, como (Marin) é conhecido, precisa explicar onde obteve US$ 3,2 milhões para depositar em contas de uma empresa vinculada a Ricardo Sérgio de Oliveira, homem-forte do Banco do Brasil durante as privatizações dos anos 1990. E continuará relatando como funcionam as empresas offshores semeadas em paraísos fiscais do Caribe pela filha – e sócia — do ex-governador, Verônica Serra e por seu genro, Alexandre Bourgeois. Como os dois tiram vantagem das suas operações, como seu dinheiro ingressa no Brasil …
Atrás da máxima “Siga o dinheiro!”, Ribeiro Jr perseguiu o caminho de ida e volta dos valores movimentados por políticos e empresários entre o Brasil e os paraísos fiscais do Caribe, mais especificamente as Ilhas Virgens Britânicas, descoberta por Cristóvão Colombo em 1493 e por muitos brasileiros espertos depois disso. Nestas ilhas, uma empresa equivale a uma caixa postal, as contas bancárias ocultam o nome do titular e a população de pessoas jurídicas é maior do que a de pessoas de carne e osso. Não é por acaso que todo dinheiro de origem suspeita busca refúgio nos paraísos fiscais, onde também são purificados os recursos do narcotráfico, do contrabando, do tráfico de mulheres, do terrorismo e da corrupção.
A trajetória do empresário Gregório Marin Preciado, ex-sócio, doador de campanha e primo do candidato do PSDB à Presidência da República mescla uma atuação no Brasil e no exterior. Ex-integrante do conselho de administração do Banco do Estado de São Paulo (Banespa), então o banco público paulista – nomeado quando Serra era secretário de planejamento do governo estadual, Preciado obteve uma redução de sua dívida no Banco do Brasil de R$ 448 milhões (1) para irrisórios R$ 4,1 milhões. Na época, Ricardo Sérgio de Oliveira era diretor da área internacional do BB e o todo-poderoso articulador das privatizações sob FHC.
(Ricardo Sergio é aquele do “estamos no limite da irresponsabilidade. Se der m… “, o momento Péricles de Atenas do Governo do Farol – PHA)
Ricardo Sérgio também ajudaria o primo de Serra, representante da Iberdrola, da Espanha, a montar o consórcio Guaraniana. Sob influência do ex-tesoureiro de Serra e de FHC, mesmo sendo Preciado devedor milionário e relapso do BB, o banco também se juntaria ao Guaraniana para disputar e ganhar o leilão de três estatais do setor elétrico (2).

O que é mais inexplicável, segundo o autor, é que o primo de Serra, imerso em dívidas, tenha depositado US$ 3,2 milhões no exterior através da chamada conta Beacon Hill, no banco JP Morgan Chase, em Nova York. É o que revelam documentos inéditos obtidos dos registros da própria Beacon Hill em poder de Ribeiro Jr. E mais importante ainda é que a bolada tenha beneficiado a Franton Interprises. Coincidentemente, a mesma empresa que recebeu depósitos do ex-tesoureiro de Serra e de FHC, Ricardo Sérgio de Oliveira, de seu sócio Ronaldo de Souza e da empresa de ambos, a Consultatun. A Franton, segundo Ribeiro, pertence a Ricardo Sérgio.
A documentação da Beacon Hill levantada pelo repórter investigativo radiografa uma notável movimentação bancária nos Estados Unidos realizada pelo primo supostamente arruinado do ex-governador. Os comprovantes detalham que a dinheirama depositada pelo parente do candidato tucano à Presidência na Franton oscila de US$ 17 mil (3 de outubro de 2001) até US$ 375 mil (10 de outubro de 2002). Os lançamentos presentes na base de dados da Beacon Hill se referem a três anos. E indicam que Preciado lidou com enormes somas em dois anos eleitorais – 1998 e 2002 – e em outro pré-eleitoral – 2001. Seu período mais prolífico foi 2002, quando o primo disputou a presidência contra Lula. A soma depositada bateu em US$ 1,5 milhão.
O maior depósito do endividado primo de Serra na Beacon Hill, porém, ocorreu em 25 de setembro de 2001. Foi quando destinou à offshore Rigler o montante de US$ 404 mil. A Rigler, aberta no Uruguai, outro paraíso fiscal, pertenceria ao doleiro carioca Dario Messer, figurinha fácil desse universo de transações subterrâneas. Na operação Sexta-Feira 13, da Polícia Federal, desfechada no ano passado, o Ministério Público Federal apontou Messer como um dos autores do ilusionismo financeiro que movimentou, através de contas no exterior, US$ 20 milhões derivados de fraudes praticadas por três empresários em licitações do Ministério da Saúde.
O esquema Beacon Hill enredou vários famosos, entre eles o banqueiro Daniel Dantas. Investigada no Brasil e nos Estados Unidos, a Beacon Hill foi condenada pela justiça norte-americana, em 2004, por operar contra a lei.
Percorrendo os caminhos e descaminhos dos milhões extraídos do país para passear nos paraísos fiscais, Ribeiro Jr. constatou a prodigalidade com que o círculo mais íntimo dos cardeais tucanos abre empresas nestes édens financeiros sob as palmeiras e o sol do Caribe. Foi assim com Verônica Serra. Sócia do pai na ACP Análise da Conjuntura, firma que funcionava em São Paulo em imóvel de Gregório Preciado, Verônica começou instalando, na Flórida, a empresa Decidir.com.br, em sociedade com Verônica Dantas, irmã e sócia do banqueiro Daniel Dantas, que arrematou várias empresas nos leilões de privatização realizados na era FHC.
Financiada pelo banco Opportunity, de Dantas, a empresa possui capital de US$ 5 milhões. Logo se transfere com o nome Decidir International Limited para o escritório do Ctco Building, em Road Town, ilha de Tortola, nas Ilhas Virgens Britânicas. A Decidir do Caribe consegue trazer todo o ervanário para o Brasil ao comprar R$ 10 milhões em ações da Decidir do Brasil.com.br, que funciona no escritório da própria Verônica Serra, vice-presidente da empresa. Como se percebe, todas as empresas tem o mesmo nome. É o que Ribeiro Jr. apelida de “empresas-camaleão”. No jogo de gato e rato com quem estiver interessado em saber, de fato, o que as empresas representam e praticam é preciso apagar as pegadas. É uma das dissimulações mais corriqueiras detectada na investigação.
Não é outro o estratagema seguido pelo marido de Verônica, o empresário Alexandre Bourgeois. O genro de Serra abre a Iconexa Inc no mesmo escritório do Ctco Building, nas Ilhas Virgens Britânicas, que interna dinheiro no Brasil ao investir R$ 7,5 milhões em ações da Superbird. com.br que depois muda de nome para Iconexa S.A…Cria também a Vex capital no Ctco Building, enquanto Verônica passa a movimentar a Oltec Management no mesmo paraíso fiscal. “São empresas-ônibus”, na expressão de Ribeiro Jr., ou seja, levam dinheiro de um lado para o outro.
De modo geral, as offshores cumprem o papel de justificar perante o Banco Central e à Receita Federal a entrada de capital estrangeiro por meio da aquisição de cotas de outras empresas, geralmente de capital fechado, abertas no país. Muitas vezes, as offshores compram ações de empresas brasileiras em operações casadas na Bolsa de Valores. São frequentemente operações simuladas tendo como finalidade única internar dinheiro nas quais os procuradores dessas offshores acabam comprando ações de suas próprias empresas… Em outras ocasiões, a entrada de capital acontecia através de sucessivos aumentos de capital da empresa brasileira pela sócia cotista no Caribe, maneira de obter do BC a autorização de aporte do capital no Brasil. Um emprego alternativo das offshores é usá-las para adquirir imóveis no país.
Depois de manusear centenas de documentos, Ribeiro Jr. observa que Ricardo Sérgio, o pivô das privatizações — que articulou os consórcios usando o dinheiro do BB e do fundo de previdência dos funcionários do banco, a Previ, “no limite da irresponsabilidade” conforme foi gravado no famoso “Grampo do BNDES” — foi o pioneiro nas aventuras caribenhas entre o alto tucanato. Abriu a trilha rumo às offshores e as contas sigilosas da América Central ainda nos anos 1980. Fundou a offshore Andover, que depositaria dinheiro na Westchester, em São Paulo, que também lhe pertenceria…

Ribeiro Jr. promete outras revelações. Uma delas diz respeito a um dos maiores empresários brasileiros, suspeito de pagar propina durante o leilão das estatais, o que sempre desmentiu. Agora, porém, existe evidência, também obtida na conta Beacon Hill, do pagamento da US$ 410 mil por parte da empresa offshore Infinity Trading, pertencente ao empresário, à Franton Interprises, ligada a Ricardo Sérgio.

(1)A dívida de Preciado com o Banco do Brasil foi estimada em US$ 140 milhões, segundo declarou o próprio devedor. Esta quantia foi convertida em reais tendo-se como base a cotação cambial do período de aproximadamente R$ 3,2 por um dólar.
(2)As empresas arrematadas foram a Coelba, da Bahia, a Cosern, do Rio Grande do Norte, e a Celpe, de Pernambuco.

Duas Apostas Sobre Nós


Por Eduardo Guimarães

A aposta do governo é na inteligência e a da oposição [e o PiG], é na burrice. É isso o que está em jogo neste ano, se somos um país de descerebrados, desmemoriados, de patetas incapazes de se lembrarem do que comeram no jantar do dia anterior ou se estamos, finalmente, aprendendo a votar.

Dirijo-me a cada brasileiro que, como eu, nada tem a ganhar isoladamente com a ascensão de Dilma Rousseff ou de José Serra à Presidência da República no ano que vem, mas que terá tudo a ganhar ou a perder como cidadão, dependendo do tipo de governo que o país venha a ter a partir de 1º de janeiro de 2011.

Peço uma reflexão sobre o seguinte: quando você lê uma manchete ou escuta um apresentador de telejornal dizer que esse crescimento forte da economia é um problema, que é ruim a falta de mão-de-obra que já decorre desse crescimento porque isso faz os salários subirem, será que não se lembra de que estes são os mesmos que até há um ano, em meio a fortes críticas ao governo Lula, anunciavam que o Brasil estava em recessão?

Vejam, por exemplo, o ataque virulento do “colunista” do Jornal da Globo Arnaldo Jabor ao presidente Lula por conta da crise que mostrava as garras no Brasil naquele 7 de outubro de 2008. Comentei o comentário de Jabor em post no dia seguinte no blog “Cidadania.com”, sob o título As crises de cada um. Salvei até o vídeo da fala do “colunista” do telejornal naquele post, mas a Globo retirou o vídeo do ar.

Eis a transcrição do comentário de Arnaldo Jabor de 7 de outubro de 2008 no Jornal da Globo:

“O governo quer faturar a crise mundial para aumentar seu Ibope. Quer dizer que o governo Lula não tem nada a ver com a crise?

O que espanta no discurso do presidente é ter dito que aqui a crise não chega porque o Brasil fez a lição de casa. Mas não fez, não. O governo nada fez para se prevenir da crise. Diz agora que só podemos gastar o que ganharmos, mas foi contra a responsabilidade fiscal, aumentou muito os gastos públicos e não fez reforma alguma.

Lula chama de inimigos do país os que avisavam do perigo. Ele fala como um pai: “Trabalhadores do Brasil, estamos cuidando de vocês! A gente nem precisa governar, temos é que cuidar do país”.

A verdade é que, até agora, este governo não precisou governar muito. Teve a herança bendita do governo anterior na macroeconomia, manteve técnicos sensatos, como Palocci e Meirelles, mas agora vai ter de governar, sim. Como Lula diz em seu discurso, agora é que a porca torce o rabo.

Presidente, nós lucramos com esta bolha, sim, que nos deu lucro e agora pode cobrar prejuízos. Os 200 bilhões que entraram aqui foram pelo excesso de liquidez do mercado mundial. Somos filhos da bolha, presidente”.

A obviedade da razão pela qual a Globo retirou o vídeo do ar é clara. Assim como a atitude esquizofrênica da emissora e de Folhas, Vejas e Estadões ao tentarem transformar boas notícias em más notícias.

Fica claro que Serra e sua mídia estão apostando na burrice do eleitor. Para essa coalizão política, ninguém terá capacidade de lembrar de que quando o PIB não crescia tucanos, demos e sua imprensa criticavam, e de que, quando cresce, também criticam. Acham que a maioria é burra e não percebe nada.

Já o presidente Lula e seu partido – e todos os outros partidos que os apóiam –, apostam no contrário. Aliás, o presidente tem dito isso reiteradamente, que a população percebe, mas a oposição tucano-pefelê-midiática acha exatamente o contrário.

São, portanto, duas apostas sobre nós, cidadãos comuns, sem filiação partidária, sem desfrute de dinheiro público, sem qualquer interesse direto em quem governa e sim, apenas, em como se governa, e que só queremos que o Brasil tenha o melhor governo possível.

A aposta do governo é na inteligência e a da oposição, é na burrice. É isso o que está em jogo neste ano, se somos um país de descerebrados, desmemoriados, de patetas incapazes de se lembrarem do que comeram no jantar do dia anterior ou se estamos, finalmente, aprendendo a votar.

Então recorro à última eleição presidencial. O “escândalo do mensalão” dominava o noticiário, a economia crescia pouco, produziram fotos de pilhas de dinheiro e as atribuíram ao PT e, mesmo assim, Lula venceu a eleição.

Algum brasileiro terá deixado de ler ou de assistir a pelo menos uma das centenas de milhares de “notícias” de Globos, Folhas, Vejas e Estadões dando conta de que o PT e Lula eram corruptos? Acho que não… Mas, então, como é que Lula se elegeu, com esses meios de comunicação, o PSDB e o DEM acusando-o sem parar?

Para vocês eu não sei, mas, para mim, os fatos que elenquei dizem que a aposta petista sobre nós é a mais correta. Enfim, em quatro ou cinco meses teremos a resposta se somos um país de débeis mentais, como pensam Serra e sua mídia, ou se deixamos de ser bobos em 2002, como pensam Lula e Dilma.

Um (importantissimo) teste para o Brasil


Por Eduardo Guimarães

Não é brinquedo o tamanho do desafio que o Brasil tem pela frente neste ano. Resistir a esse incessante bombardeio pró-Serra da mídia será um gigantesco desafio para a capacidade deste povo de saber decidir seu destino.

O recém-anunciado crescimento da economia no primeiro trimestre – que, anualizado, redunda na taxa chinesa de mais de 11% ao ano –, os sucessivos recordes de geração de empregos formais, a expressiva redução da pobreza e da miséria, a projeção do Brasil no mundo que contrasta com uma história de má imagem internacional do país, tudo isso deveria tornar praticamente impossível que os brasileiros votassem no candidato da oposição.

Não se trata de propaganda política ou de uma afirmação idiossincrática do simpatizante de um partido, mas de fatos incontestáveis. Ninguém, em sã consciência, não sendo militante da oposição, poderia repudiar a continuidade de um governo sob o qual o Brasil obteve tantos êxitos baseando-se no argumento débil de que os sucessos atuais são mérito do governo anterior, sob o qual os brasileiros comeram o pão que o diabo amassou, porque o sucesso de hoje teria sido semeado àquela época.

Basta um pouquinho só de memória para lembrar que os tucanos diziam que o emprego formal (com registro em carteira) estava condenado à extinção e que para criar empregos só restaria ao Brasil eliminar direitos trabalhistas. Só isso já bastaria para definir o voto de qualquer cidadão bom dos miolos.

Contudo, devido à aliança entre a grande mídia, o PSDB e a elite que concentrou a renda no Brasil ao ponto de torná-lo, até o início do século, o quinto país mais desigual do mundo, perdendo em injustiça social somente para republiquetas africanas miseráveis, sempre resta uma dúvida quanto à inevitabilidade de o país optar pela continuidade de seu atual governo.

Esse bando de vigaristas, trapaceiros, mentirosos, mistificadores e racistas da imprensa golpista que vendeu suas almas a essas cinco mil famílias que ficam com trinta por cento da riqueza nacional e que controlam todas as televisões, rádios, os maiores jornais, revistas e portais de internet tem um poder de manipulação que não pode ser desprezado.

Há algumas semanas, participei da fundação do Centro de Estudos da Mídia Barão de Itararé e, ali, assisti a uma excelente palestra do jornalista Paulo Henrique Amorim, na qual ele revelou um dado que, nas palavras dele, mostra bem “o tamanho do problema” que é a mídia brasileira: se listarmos os dez programas de televisão de maior audiência do mundo os dez serão da Globo, simplesmente porque esta tem um tamanho inusitado em qualquer outro país. Ou seja: nem nos EUA há um monopólio como o da família Marinho.

Não é brinquedo, portanto, o tamanho do desafio que o Brasil tem pela frente neste ano. Resistir a esse incessante bombardeio pró-Serra da mídia será um gigantesco desafio para a capacidade deste povo de saber decidir seu destino – e é disso que se trata, pois Serra é o candidato daquelas cinco mil famílias para interromper a distribuição de renda que, para elas, está permitindo a essa “gentalha” sentir-se como “gente de verdade” e, vejam só, consumir, estudar, progredir.

Globos, Vejas, Folhas, Estadões, seus asseclas midiáticos e seus leões-de-chácara ditos colunistas e comentaristas irão aumentando ao impensável as suas embromações, mentiras, calúnias, invenções e mistificações até a eleição, visando ludibriar um país inteiro.

Em 2002 e em 2006, eles falharam. Mas a memória de quão ruins foram os dois governos FHC estava “quente”, digamos assim. Após oito anos e não sendo Lula o candidato a barrar a volta dessa bandidagem ao poder, dá um frio na barriga. O país corre, portanto, o risco de cair de novo nas garras daqueles que fizeram dele o quinto mais injusto do mundo, até quando a direita estava no poder.

Mas, por outro lado, não faltam elementos para que a grande maioria dos brasileiros decida corretamente. Seria uma loucura o Brasil colocar de novo no poder aqueles que o dilapidaram, arruinaram, desmoralizaram por tanto tempo. Se este povo fizer isso, portanto, merecerá o sofrimento que advirá de uma decisão tão absurda. E, mais uma vez, o Brasil continuará sendo o país do futuro, adiando, de novo, seu ingresso no mundo civilizado.

2 de junho de 2010

A Lei Eleitoral é HIPóCRITA! E serve ao Serra!!


Do Conversa Afiada


No Brasil, rico não vai para a cadeia.

A lentidão da Justiça é para beneficiar os ricos.

O poder de entrar com recursos é para ajudar os ricos.

Rico não usa algema.

Negro não vai a restaurante chic.

Garçom negro não trabalha em restaurante chic.

Negro só entrou na universidade com o ProUni.

No Brasil ainda tem trabalho escravo.

Tem gente que ousa dizer que o Brasil não é racista. (Ali Kamael)

Quando o Lula fez o Bolsa Familia para dar comida aos pobres, disseram que é o “Bolsa Malandragem”.

Tres familias controlam os meios de comunicação – são os que falam em “Bolsa Malandragem”.

Nessa pseudo-democracia, só quem tem liberdade de expressão são os donos da “liberdade de imprensa”.

A Globo tem 50% da audiência e, com isso, controla 70% da publicidade em tevê, que é 50% de toda a publicidade do país.

A rádio-difusão no país se regula por uma lei de 1961, quando não havia televisão.

O Brasil é o único país da Operação Condor que perdoou os torturadores.

No Brasil, o candidato gasta quanto quiser para se eleger.

E ainda dizem que o Brasil é uma democracia.

Uma das poucas coisas democráticas do Brasil é o horário eleitoral gratuito.

É quando o partido trabalhista pode, teoricamente, enfrentar o poder da grana do partido conservador.


Todo mundo sabe, desde sempre, que o Serra é candidato.

Que usou – e usa – a grana do povo de São Paulo para se eleger.

Serra chegou a anunciar água da Sabesp no Acre.

E a Justiça Eleitoral ?

Caluda !

Todo mundo sempre soube que a Dilma é candidata do Lula.

(Menos o Ciro, talvez.)

Que o Lula não é a Bachelet e não vai deixar os conservadores tomarem o poder, para vender o Bolsa Familia à Wal Mart e o pré-sal aos clientes do davizinho.

Todo mundo sabe.

E fica essa pseudo-democracia do PiG (*) a falar em “pré-candidato”.

Essa pseudo-democracia do PiG (*), que, como diz o Emir Sader – clique aqui par ler – é o maior obstáculo à vitoria acachapante da Dilma.

Esse PiG (*) que endeusa os magistrados que dizem o que ele quer.

Juízes que dão HC a passador de bola apanhado no ato de passar bolsa, em nome da Democracia !

E o TSE a perseguir a Dilma e o Lula, em nome dessa pseudo-democracia.

E deixa o Serra solto.

Pura hipocrisia.

Para fingir que o Brasil é uma democracia.

Para ocupar as páginas do PiG (*).

E derrubar o regime trabalhista com um golpe branco (“democrático”).

Sem precisar ir às urnas.

Clique aqui para ver o que diz o Tijolaço do Brizaola Neto, que re-lançou a campanha da legalidade: eleição se ganha no voto.

Honduras, que tal ?

Esse pessoal pensa que o Lula é o Zelaya.

Não é, Feijóo ?

Paulo Henrique Amorim

Em tempo: Clique aqui para ler sobre a face fascista dos moradores de um bairro central de São Paulo.